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matriz energética leilão de energia
2009-02-03
SÃO PAULO, 3 de fevereiro de 2009 - Neste ano, o governo brasileiro realiza pela primeira vez um leilão para a energia eólica, entre o final e o começo do segundo semestre, o que representa uma iniciativa inédita. Segundo João Carlos Mello, presidente da consultoria Andrade & Canellas, o leilão representa uma tentativa de expansão da matriz renovável no Brasil, que possui menos de 1% da demanda e surgiu devido à conquista de maior espaço das fontes renováveis na sociedade e o consequente crescimento da conscientização.

"O governo agora resolve abrir espaço para a energia eólica, embora tenha um preço acima das demais. Neste leilão, o Brasil espera por possibilidades de importar tecnologia européia", afirma Mello. O consultor revela que essa é uma oportunidade para chamar a atenção dos investidores e de empresas estrangeiras.

Atualmente, são poucas as estrangeiras voltadas a investimentos no setor eólico que estão instaladas do Brasil. Entre elas estão a Siemens, a General Eletric (GE) e a Suzlon.

O volume de energia que será negociado no leilão ainda não foi definido e o que se sabe é que a usina hidrelétrica de Belo Monte no Pará deverá ser colocada em leilão entre outubro e novembro deste ano.

A Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) já vem realizando reuniões com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) com o objetivo de instaurar um programa de longo prazo no País, de pelo menos 10 anos, com leilões anuais garantindo a compra de no mínimo 1.000 MW. O potencial nacional para a exploração da energia eólica é de 143 Mws ao ano, porém estamos utilizando apenas 6% desse volume, esclarece Lauro Fiúza, presidente da ABEEólica.

Fiúza, destaca que uma das grandes vantagens desse tipo de energia é o custo operacional zero, além da certeza da estabilidade dos preços, ao contrário do sistema de geração utilizado nas térmicas, que depende da volatilidade dos custos dos combustíveis.

Em 2002, o Brasil já havia instituído o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), com o objetivo de aumentar a participação da energia elétrica gerada a partir de unidades de produção baseadas em biomassa, eólica e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) no Sistema Interligado Nacional (SIN). No entanto, o programa não obteve os resultados esperados. "Infelizmente o resultado do Proinfa poderia ter sido melhor. A demanda pela energia eólica foi muito pequena e não houve instalação de muitas indústrias", esclarece João.

O custo atual da energia eólica varia entre R$ 200 a R$ 240 por Kwh. Com a realização dos leilões neste ano, há um consenso entre os analistas de que ocorrerá uma redução nos preços, à medida em que a eólica se tornar mais usual.

Estima-se que o preço inicial oferecido no leilão seja de R$ 180 por Kwh. Mas ainda é cedo para previsões. "O Brasil possui um potencial muito grande nesse setor [eólico] há 10 anos e é válido possuir uma parte reservada para a comercialização de forma anual", opina o presidente da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), Maurício Tolmasquim.
 
Por Aline Khouri, InvestNews, 03/02/2009

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