Parlamentares paraenses e suíços reuniram-se na tarde da última segunda-feira (26/01), na Assembléia Legislativa do Pará para discutir problemáticas e soluções para a realidade amazônica. Representantes de Organizações Não-Governamentais, integrantes de agendas de cooperação e políticos estrangeiros também participaram da reunião no auditório João Batista. A proposição da audiência foi do deputado Carlos Bordalo (PT).
Pelo menos 50 pessoas participaram das discussões na sede do parlamento paraense, em Belém. A audiência foi mediada por Cibele Kuss, ouvidora do Sistema de Segurança Pública do Pará. “Buscamos um debate dentro dos eixos: direitos humanos, terra e povos indígenas. É nesses três assuntos que residem boa parte de nossos problemas regionais”, explicou a ouvidora.
“A vinda de gente de todos os lugares, trazendo seus problemas para cá, aliado a uma forte problemática fundiária, faz com que esta região torne-se uma panela de pressão. Não é por acaso que a violência cresce e que 207 defensores dos direitos humanos estejam ameaçados e 57 já tenham sido assassinados nas últimas décadas no Pará”, explicou Marco Apolo, da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos.
Já o procurador da República, Felício Pontes, apresentou aos convidados suíços, números sobre a realidade regional. Segundo ele, o Estado possui 82 pólos madeireiros e gera 124 mil empregos diretos, porém 62% de toda madeira retirada por este setor é de origem ilegal.
De acordo com Ulisses Manaças, do Movimento Sem Terra, que também participou da mesa de discussões, “o monoplantio vem avançando e destruindo terras indígenas quilombolas e até sítios arqueológicos na região no norte do País”. Para o líder do MST, “O que importar sermos o maior exportador de minérios se o nosso povo continua ligado à práticas de escravidão colonialista?”.
Além do deputado Carlos Bordalo, participaram ainda da audiência, Arnaldo Jordy (PPS), José Megale (PSDB), Simone Morgado (PMDB) e Joaquim Passarinho (PTB). “Espero que reuniões como esta possam colaborar para mudar a realidade de nossa região. É muito bom termos uma floresta rica, da mesma forma que é lastimável, termos um povo tão pobre”, ponderou Passarinho.
(Imprensa AL-PA, 26/01/2009)