Desde o início de Janeiro os amantes da observação de aves têm sido saudados por uma visita rara de gaivotas polares. As espécies avistadas - a gaivota hiperbórea (Larus hyperboreus) e a gaivota polar (Larus glaucoides) – não foram muitas (7 a 8 gaivotas de cada espécie), mas isso bastou para pôr em polvorosa os ornitólogos profissionais e amadores: em cada ano só uma ou duas gaivotas perdidas do bando sobrevoam terras portuguesas.
Ainda não há explicação científica para esta anormal mini-invasão, mas Gonçalo Lobo Elias, um engenheiro electrotécnico apaixonado pela observação de aves, arrisca uma explicação. “A vaga de frio que tem atacado o norte da Europa pode ter obrigado as gaivotas a deslocar-se para sul e as tempestades no mar podem tê-las empurrado para a costa”, supõe.
Até agora, Gonçalo Lobo Elias, que é também um dos coordenadores do site Aves de Portugal, sabe que estas gaivotas vindas da Gronelândia, Islândia e Noruega foram vistas um pouco por toda a costa do país: em Peniche, na linha de Cascais, na zona ribeirinha de Lisboa e no Algarve.
De todos os locais os observadores de aves que estão associados ao site têm enviado fotografias e alertado a presença destas visitantes inesperadas. E também em Espanha estas gaivotas polares foram vistas, o que reforça a ideia de que se trata de um fenómeno anormal. Só de uma terceira espécie, a gaivota – tridáctila (Rissa tridactyla, que só raramente é vista em terra), já foram observadas centenas desde que se instalaram temporais na costa espanhola.
Para quem queira dar uma espreitadela nas praias e arriscar encontrar estas gaivotas, basta observar a coloração das penas. Ao contrário das gaivotas a que estamos habituados (as gaivotas argêntias (Larus michahellis) ou as gaivotas de asa escura (Larus fuscus)), as gaivotas polares são totalmente brancas. E para distinguir as duas espécies o tamanho é a única diferença: as gaivotas – hiperbóreas, para além de totalmente brancas, são também maiores.
(Por Patrícia Silva Alves, Ecosfera, 03/02/2009)