A confirmação, pela Vigilância Sanitária, de que Livramento já está registrada como zona infectada pela dengue colocou a Prefeitura Municipal em estado de alerta total. Na manhã de ontem, o prefeito Wainer Machado e o vice, Leonel Gornatti, se reuniram com todos os secretários municipais e integrantes das autarquias, além dos vereadores do PSB na Câmara, Nelmo Oliveira e Hélio Bênia, para confirmar a grande preocupação com relação ao problema e pedir o envolvimento de todos em uma grande mobilização para impedir a proliferação da doença no município. No encontro, que contou também com as presenças de técnicos da Vigilância Sanitária, Wainer Machado disse que “temos o foco, temos o mosquito, mas não temos a doença. O trabalho agora tem que ser no sentido de fortalecer nossas ações de controle e prevenção”.
O prefeito anunciou a intenção de decretar Situação de Emergência em Livramento em função do problema. Há duas semanas, os técnicos da Vigilância Sanitária localizaram um primeiro foco do mosquito aedes aegypti na área de uma empresa de transportes localizada nas proximidades da vila Kennedy. Imediatamente foi iniciada uma ação de rastreabilidade no entorno, atingindo um raio de 300 metros, quando um novo foco foi localizado, desta vez em um terreno baldio na vila São Francisco. Os terrenos baldios e prédios abandonados em Livramento, aliás, são a grande preocupação da Prefeitura e da Vigilância.
O chefe do setor de zoonoses da Vigilância, João Batosta Santana, explicou que o serviço pode, com autorização judicial, entrar em qualquer lugar. “Não existe terreno ou prédio onde não se possa entrar, quando houver confirmação de um foco suspeito”, disse ele. Apesar disso, o abandono de terrenos e prédios dificulta muito o trabalho da Vigilância. Em razão disso, a Prefeitura poderá re-encaminhar à Câmara de Vereadores, na forma de projeto de Lei Complementar, a proposta de taxação especial dos imóveis que não foram limpos pelos proprietários. “A Prefeitura dispõe de uma patrulha mecânizada que pode fazer esse serviço, mas os proprietários tem que pagar por esse serviço e solicitá-lo formalmente. Sem isso, a Prefeitura não pode fazer a limpeza, mesmo com a taxação que estaremos sugerindo”, explicou o Prefeito.
O Chefe do Executivo informou que pretende visitar a Câmara de Vereadores nesta segunda-feira para defender pessoalmente aos legisladores a importância da aprovação de medidas especiais para o combate à proliferação do mosquito.
A decretação da Situação de Emergência possibilitará maior agilidade à Prefeitura, por exemplo, para a aquisição de equipamentos para a limpeza de áreas públicas e privadas, praças e logradouros públicos. A secretária de Educação, Cristina de León, lembrou que desde o início do mês vem sendo realizado um trabalho especial de limpeza nas escolas da rede municipal de ensino. Wainer Machado pediu que todos os secretários, a partir daquele momento, façam uma revisão geral em seus locais de trabalho, para detectar situações que possam favorecer o surgimento de focos. “Essa é uma atitude que deve ser de todos nós, de toda a comunidade. O momento é delicado e nós só conseguimos detectar esses primeiros focos porque estávamos atentos. Quando Livramento foi considerada ‘zerada’ em termos de dengue, e quiseram por isso diminuir a nossa equipe de vigilância, porque não precisa mais, eu fui a Brasilia e pedi que não reduzissem. Hoje se confirma que eu estava certo porque é graças a isso que estamos podendo agir rapidamente”, comentou o Prefeito.
De qualquer maneira, observando o estudo técnico que indica a necessidade de um técnico para cada mil imóveis, a Prefeitura deverá encaminhar à Câmara pedido de autorização para a contratação de mais agentes para a Vigilância Sanitária. Livramento tem 30 mil casas e 4 mil terrenos baldios, segundo os cálculos, e a Vigilância conta atualmente com 18 agentes. Outras idéias envolvem a celebração de convênio com alguma empresa para que a população possa se desfazer de pneus velhos, e ainda o envolvimento das escolas. Não é possível saber com exatidão qual a origem dos focos encontrados, podendo ter sido trazidos em ônibus de viagem intermunicipal ou caminhão de transporte. As autoridades de Rivera também já foram alertadas para que providenciem a formação de um cinturão de controle.
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A Platéia, 03/02/2009)