Os invasores foram encontrados em 25 de janeiro último no Rio Couto de Magalhães e a Polícia Federal e a Funai foram avisadas. Como ainda não foram tomadas providências, os Yanomami ameaçam expulsá-los com seus métodos e armas tradicionais. As tensões na região vêm se agravando desde 21 de janeiro quando um líder Ye'kuana foi morto e seu filho ferido a bala por um grupo de garimpeiros.
Alguns dias depois de um grupo de garimpeiros ter assassinado a tiros o tuxaua Ye'kuana Luiz Vicente Carton e ter ferido a bala seu filho Ronildo Luiz Carton na comunidade São Luiz do Arame, em Alto Alegre, índios Yanomami da comunidade Remohipi, região do Paapiu, na TI Yanomami, encontraram três garimpeiros no Rio Couto de Magalhães. O fato, ocorrido em 25 de janeiro último, foi denunciado à Fundação Nacional do Índio (Funai) e à Polícia Federal em carta assinada pela Hutukara – Associação Yanomami e por habitantes da comunidade Remohipi. (Leia no final do texto).Cansados de esperar por uma operação de retirada dos invasores, os Yanomami ameaçam expulsá-los usando suas armas e métodos tradicionais.
Os Ye'kuana foram mortos por terem se recusado a transportar os garimpeiros rio acima, já que não querem dar apoio a atividades ilegais de garimpo em suas terras. Depois de uma semana de cerco da Polícia Federal, os assassinos se entregaram alegando legítima defesa. De acordo com notícia publicada no jornal Folha de Boa Vista, empresários roraimenses estão envolvidos no financiamento do garimpo na área, e utilizam suas atividades comerciais para lavar o dinheiro conseguido com as atividades ilícitas.
Os acontecimentos chamaram a atenção de organizações internacionais de apoio aos povos indígenas. Em carta endereçada ao Ministro da Justiça, Tarso Genro, a Survival Internacional de Londres se diz alarmada com o avanço do garimpo e cobra uma atitude firme das autoridades competentes. Leia a carta na íntegra.
Os Yanomami e seus apoiadores têm denunciado o aumento das atividades de garimpo em suas terras desde 2005, sem que nenhuma ação efetiva tenha sido tomada. Revoltados, em 19 de setembro de 2008, os Yanomami da região do Alto Catrimani enviaram carta à Funai denunciando a presença de cerca de dez balsas e duas pistas clandestinas na região. Segundo funcionários do órgão indigenista, existem hoje aproximadamente três mil garimpeiros atuando na Terra Indígena Yanomami e ameaçando a sobrevivência dos índios.
Boa Vista-RR, 29 de janeiro de 2009
Nova denúncia contra o garimpo ilegal na região Paapiu
No dia 25 de janeiro de 2009 três Yanomami da Região do Papiu pescavam no Rio Couto de Magalhães e encontraram três garimpeiros que se aproximaram buscando amizade com os Yanomami. Os garimpeiros puxaram com a sua voadeira a canoa dos Yanomami até o porto da comunidade Remoripi onde os garimpeiros falaram que voltariam no dia 27 de janeiro de 2009 para ir até a pista da Caveira, local muito utilizado por garimpeiros. Ao perceber que outros Yanomami se aproximavam do porto, os garimpeiros saíram rapidamente.
Nós Yanomami da Região do Paapiu junto com a Hutukara estamos avisando a FUNAI e a POLICIA FEDERAL para que retirem os garimpeiros imediatamente se não nós Yanomami vamos reagir de uma forma tradicional usando nossas armas como arco e flecha e a nossa força contra invasores que se encontram na Região. Porque nós Yanomami moradores da Região Papiu estamos cansados de esperar a retirada dos garimpeiros que se encontram ilegalmente na Terra Indigena Yanomami.
Segue assinaturas das Lideranças Yanomami:
Arokona Yanomama
Conselheiro da Comunidade
Alfredo Himotono Yanomama
Conselho Fiscal da HAY
Anselmo Xiropino Yanomami-
Vice- Presidente da Associação Yanomami
Mauricio Tome Rocha- Ye’kuana
Gestor da HAY e Coordenador da Terra e Ambiente
(ISA, 02/02/2009)