O presidente da Associação Latino-Americana de Gás Natural Veicular (Alagnv), Rosalino Fernandes, defende o uso do GNV no transporte coletivo de passageiros de forma mais constante e definitiva no país. O que há atualmente, assinalou, são apenas testes. Ele pretende brigar pela idéia, mas afirmou que para isso precisa encontrar apoio de outras entidades e autoridades, “para poder entrar forte nessa área”.
Fernandes citou o exemplo da Califórnia, onde as frotas de ônibus são movidas a GNV, ao falar sobre as vantagens desse tipo de combustível. Lá, calcula, o gás vai custar, seguramente, cinco vezes mais barato.
Também coordenador do Comitê de GNV do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP), Fernandes afirmou que o gás veicular poderia trazer mais vantagens, por exemplo, do que o diesel mais limpo, que já começou a ser usado em veículos em circulação em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Além de caro, ressaltou, o diesel mais limpo não é fabricado no Brasil pela Petrobras, que tem de importá-lo. “Poderíamos usar o gás natural, que é mais barato”, argumentou Fernandes, em entrevista à Agência Brasil.
As frotas de ônibus do Rio de Janeiro e de São Paulo são as primeiras do país a usar o diesel S50, com 50 partes de enxofre por milhão de partes de diesel, menos poluente. Desde o último dia 1º de janeiro, elas não podem mais rodar com o combustível tipo S500 (500 partes de enxofre por milhão).
O uso do produto na frota de ônibus foi viabilizado por meio de acordo firmado em outubro do ano passado entre o Ministério Público Federal, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e a Petrobras para redução das emissões veiculares nos grandes centros urbanos.
O diretor da Área de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, informou, no dia 14 deste mês, que a empresa vai investir US$ 4 bilhões até 2012 para garantir a produção nacional do diesel S50 e mais US$ 2 bilhões para o fornecimento do diesel S10 (dez partes de enxofre por milhão), ainda menos poluente, a partir de 2013.
O uso do gás no transporte coletivo é o tema central do debate que a Associação Latino-Americana de Gás Natural Veicular realiza entre maio e junho próximos na cidade de Medellín, na Colômbia, durante o evento Expo GNV 2009.
Em setembro, a reunião de cúpula da entidade (Summit 2009) será realizada em Lima, no Peru, onde o foco das discussões, além da área de veículos leves, será o uso mais diversificado do GNV, em especial para locomotivas, na área de transporte ferroviário, em substituição ao diesel. A aplicação já vem sendo testada pelo Peru.
Na América Latina, a Argentina e o Brasil lideram o ranking de frotas de veículos movidos a GNV, com cerca de 1,71 milhão e 1,6 milhão, respectivamente. Em 3º lugar aparece a Colômbia, com quase 300 mil veículos, seguida do Peru (cerca de 100 mil) e Bolívia (entre 45 mil e 50 mil).
O presidente da Alagnv destacou que a Venezuela está entrando com um programa de estímulo ao uso do gás natural veicular, conduzido pela estatal PDVSA. “A idéia deles é converter 44 mil veículos no ano de 2009”, revelou.
(Por Alana Gandra,
Agência Brasil, 02/02/2009)