Um levantamento feito pelo Programa da Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) mostra que 17% do território da Floresta Amazônica foi destruído entre 2000 e 2005. Durante o período, foram queimados ou destruídos 857 mil quilômetros quadrados de árvores, o equivalente ao território da Venezuela. As informações são da BBC Brasil. De acordo com o relatório, ainda não divulgado oficialmente, a maior parte do desmatamento ocorreu em território brasileiro, mas os outros sete países que abrigam a floresta também estão sendo responsabilizados, com exceção da Venezuela e do Peru.
A progressão das frentes pioneiras (processo de apropriação territorial, marcado pela abertura de estradas e urbanização) na Amazônia e as transformações que elas introduziram são tantas que o movimento de ocupação dessa última fronteira do planeta parece irreversível, disse a ONU. Além do desmatamento, a corrida pela apropriação das reservas e das matérias-primas da região, segundo a ONU, também apresentam um papel importante na deterioração da Amazônia.
A entidade ainda condenou a situação de grande pobreza em que vivem as populações que habitam a floresta. A previsão da ONU é de que o relatório final com mais dados ainda sigilosos seja divulgado durante o encontro anual de seu conselho administrativo, marcado para o período de 16 a 20 de fevereiro, em Nairóbi, no Quênia.
Defesa brasileira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem uma defesa da maneira como o seu governo trata a Amazônia. Ele fez duras críticas às opiniões de estrangeiros sobre o tratamento que o Brasil dá a região. “Tem muita gente que dá muito palpite sobre a Amazônia sem saber que aqui moram quase 25 milhões de habitantes que querem trabalhar, ter acesso a bens e que, portanto, não querem que a Amazônia seja um santuário da humanidade. As pessoas que vêm visitar o Brasil precisam saber o seguinte: tomem conta do que é seu, que o Brasil toma conta do que é dele”, disse Lula, no Fórum Social Mundial.
O Ministério do Meio Ambiente também contestou os dados apresentados pelo Pnuma, afirmando que a informação de que a floresta amazônica perdeu 17% (857 mil km²) de sua cobertura no período entre 2000 e 2005 não é correta. A assessoria do ministro Carlos Minc afirmou ao site G1 que o percentual equivale ao total já destruído no bioma em toda a história.
O MMA informou que seu setor de relações internacionais fez contato com o Pnuma e teria recebido a informação de que o dado foi divulgado de forma equivocada pela imprensa. Na opinião de Paulo Barreto, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), os números estão de fato superdimensionados, já que o total desmatado historicamente na Amazônia brasileira é de cerca de 700 mil quilômetros quadrados. “Não pode ser isso tudo em cinco anos”, afirma. Segundo Barreto, que é especializado na análise de dados de desmatamento, o total de floresta destruída ao longo do tempo na Amazônia é de cerca de 18%.
(Correio Braziliense, 31/01/2009)