O Instituto Brasileiro do Crisotila (IBC) distribuiu um comunicado criticando a Portaria 43 do Ministério do Meio Ambiente que proíbe o uso de materiais contendo amianto em qualquer construção ou bem adquirido pelo órgão e por seus órgãos vinculados. “O uso seguro do amianto crisotila brasileiro por certo não interessa a poderosos grupos industriais estrangeiros que buscam monopolizar um segmento que movimenta cerca de R$ 2,6 bilhões. Esses setores procuram, irresponsavelmente, disseminar o medo e confundir a opinião pública”, segundo o comunicado.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a crisotila está relacionada a diversas doenças pulmonares, como a asbestose (doença crônica que provoca o endurecimento dos pulmões) e o câncer pulmonar. Na Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea), entidade que reúne pessoas que trabalhavam com o material, 53% dos associados possuem alguma doença associada ao amianto.
Segundo o presidente da associação, Eliezel João de Souza, há também um grupo de mulheres contaminadas pelo contato com maridos e filhos que trabalhavam com a substância. “A doença leva, da exposição, até 50 anos para se manifestar, é difícil fazer o diagnóstico, há gente que morre por causa do amianto sem saber”, afirmou.
Rubens Relas Filho, presidente do Conselho Superior do IBC, não nega que o amianto seja prejudicial à saúde. “O amianto é um dos 200 produtos perigosos, classificados pela OMS, todos sendo utilizados atualmente, alguns países proibiram o amianto porque, no passado, fizeram um uso péssimo, usaram para pulverizar nas paredes. O nosso amianto é menos perigoso, mas ele também é perigoso, porém, pode ser usado de forma controlada.”
Segundo o presidente do conselho, o amianto não representa riscos para a população que possui telhas ou caixas d'água. O preço da telha com amianto é menor que o das outras e, além disso, esse tipo de material utiliza menos madeira na sua instalação. “O amianto é o que permite o menor uso de madeira, então somos ecologicamente corretos”, disse Rellas.
A mineração do amianto é sustentável, segundo o presidente do conselho. “A atividade industrial ocupacional tanto na mina quanto nas indústrias, é totalmente controlada, se o Ministério do Meio Ambiente for analisar, vai encontrar um ótimo exemplo de mineração sustentável e indústrias com impacto significativo praticamente zero”, afirmou.
Para Eliezel, a medida do Ministério do Meio Ambiente foi positiva. “Essa portaria é de suma importância pra gente, essa decisão foi muito boa para a sociedade. Nós, contaminados pelo amianto, não temos mais volta, mas é pela prevenção dos outros”, concluiu. O comunicado da IBC convida o ministro Carlos Minc a conhecer a mina de extração do amianto crisotila na cidade goiana de Minaçu, e fábricas de fibrocimento. Segundo o ministério, Minc está em Belém e ainda não respondeu ao convite.
(Clica Brasilia, 30/01/2009)