Pesquisadores de uma universidade em Munique, no sul da Alemanha, conseguiram criar porcos geneticamente modificados cujas células provocam uma reação relativamente fraca do sistema imunológico, quando em contato com o organismo humano. O experimento abre caminho para um possível transplante de órgãos de suínos em pessoas.
O novo tecido suíno geneticamente modificado apresenta proteção contra células que compõem o sistema imunológico humano. Os pesquisadores trocaram um tipo de molécula na superfície das células de porco por um substituto de origem humana.
Passo importante
Os mecanismos naturais de defesa do organismo tornam impossível até agora o transplante de órgãos animais em humanos. Normalmente, células de defesa destruiriam em poucos dias um órgão de porco implantado em uma pessoa, segundo Elisabeth Weiss, imunologista da Universidade Ludwig Maximilians, de Munique.
Ela é integrante da equipe que desenvolveu o projeto, cujos resultados foram publicados na edição de janeiro da publicação científica Transplantation. Nas experiências com o novo tecido, foi verificada uma reação do sistema imunológico humano que pode ser tratada por meio de medicamentos.
Os órgãos suínos geneticamente modificados dessa forma ainda não são próprios para transplantes. Os cientistas ainda têm que vencer outras barreiras imunológicas do corpo humano. Mas, de acordo com Weiss, a modificação que já foi feita nas células dos porcos constitui um passo importante para que um dia órgãos de porcos possam ser usados em humanos.
"Ainda é um caminho longo até que os órgãos possam ser aproveitados", reconheceu a pesquisadora. "Mas acho que, no caso de alguns órgãos, a idéia já não é mais um sonho de ficção científica." Desde os anos 90 a ciência tenta tornar porcos doadores de órgãos apropriados para humanos, lembrou Elisabeth Weiss.
"Porcos comem de tudo, como a gente, e seus órgãos têm mais ou menos as mesmas dimensões que os nossos." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
(Estadão, 30/01/2009)