Povos indígenas de diferentes etnias do Tocantins e Goiás, presentes no Fórum Social Mundial 2009, denunciam os descasos da saúde em suas aldeias e afirmam que a questão tem se agravado cada vez mais pela falta de médicos, medicamentos e assistência básica. O assunto seria levado à discussão numa mesa junto à Fundação Nacional da Saúde (Funasa), em evento organizado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
A indígena Madalena, dos povos Kraô, do Tocantins, conta que, para que os (as) moradores (as) da aldeia tenham atendimento médico, precisam se deslocar até a cidade mais próxima. Quando chegam lá, é comum voltarem sem ser atendidos.
Juvenal Kraô, uma das 2.400 pessoas que formam a população da aldeia, afirma que a Funasa não atende a todas as necessidades dos povos, apesar de várias reuniões e acordos feitos. "A cada dia novas doenças surgem nas aldeias e não temos a devida atenção. A Funasa é muito lenta e não resolve nossos problemas", disse.
Já Marli, dos povos Tapuia, de Goiás, tem seu próprio testemunho da qualidade dos serviços de saúde que é dedicada aos povos indígenas. "A gente tem que esperar muito. Eu descobri que estava com câncer e tive que pagar por um serviço. Se não tivesse pago, talvez minha situação tivesse se complicado", fala. Eles acrescentam que, além da falta de postos médicos nas aldeias, a saúde básica dos indígenas é esquecida. Falta de medicamentos e o acesso a transportes também contribuem para a crise da saúde dessa população.
Para Alderez, do povo Krahô Kanela, também de Tocantins, o Fórum Social Mundial é uma boa oportunidade para levar ao mundo as questões indígenas. "É a primeira vez que participo. Acho que está valendo a pena gastar energia para ver possíveis resultados", falou. As matérias do projeto "Ações pela Vida" são produzidas com o apoio do Fundo Nacional de Solidariedade da CF2008.
(Por Ana Rogéria, Adital, 30/01/2009)