Duas ações definidas devem contribuir para a tentativa de se evitar a infestação da dengue em Minas Gerais, principalmente no período entre março e maio, definido como pico da contaminação. A primeira estabelece medidas que serão implantadas pelo grupo formado por nove prefeituras da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), limítrofes com a capital, e a segunda define a união entre poder público e as principais entidades médicas privadas no combate à dengue.
A maior preocupação são os municípios localizados no entorno da capital: de acordo com levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES), até a quarta semana epidemiológica (de 1º a 29 de janeiro), 42% das notificações da doença no estado foram registradas nas 34 cidades que formam a região metropolitana. Ou seja, das 1.236 suspeitas da doença, 519 se deram na Grande BH.
Em encontro na manhã de quinta-feira, na Secretaria Municipal de Saúde de BH, o grupo das nove secretarias de saúde dos municípios finalizou um pacote de ações para reforçar a prevenção e o atendimento à população. O documento deve ser entregue ao secretário de Estado de Saúde, Marcos Pestana, na semana que vem e, imediatamente, deve ser posto em prática.
Entre as medidas estão a distribuição de 4 milhões de panfletos para a orientar o cidadão sobre o que deve ser feito no combate à dengue; a entrega de protocolo de atenção direcionado para médicos e enfermeiros, com explicações detalhadas sobre como fazer o primeiro atendimento e quais tipos de exame devem ser feitos; e, ainda, a capacitação de profissionais de saúde.
À tarde, em encontro com prefeitos na Associação de Municípios da RMBH, foi apresentado o detalhamento das ações. Segundo o subsecretário estadual de Vigilância e Saúde, Luiz Felipe Caram, “é preciso integração entre as secretarias municipais e a veiculação na mídia de ações e métodos de prevenção para evitar o risco de epidemia”.
Caram aproveitou para anunciar que o governo do estado deve capacitar 100 soldados de unidades do Exército em Minas para apoio ao atendimento médico, se houver saturação em hospitais, e para combater o vetor da doença, o Aedes aegypti. Além disso, pediatras de Betim e Contagem devem passar por treinamento especializado, como foi feito em Ibirité, Itabirito e Santa Luzia.
Entre as localidades da Grande BH que fizeram o Levantamento de Índice Rápido de Aedes aegypti (LIRAa) este mês, 29% apresentaram níveis de proliferação do mosquito superiores ao tido como de risco de epidemia pelo Ministério da Saúde – 4% (o que significa que a cada 100 imóveis visitados em mais de quatro foram identificadas larvas do mosquito).
O índice médio da região ficou em 3,1%, requerendo atenção da sociedade e dos órgãos governamentais. “As pessoas circulam e podem levar o vírus para outros municípios. Por isso, mesmo as cidades que apresentaram o nível recomendável precisam ficar atentas”, afirma Caram.
PactoA sociedade civil organizada e o governo devem se unir no combate à dengue. Em reunião na manhã de quinta-feira, entre representantes da pasta de Saúde de BH com diretores do Instituto Brasileiro para Estudo e Desenvolvimento do Setor de Saúde (Ibedess), que representam oito das principais instituições de saúde do estado, como Associação Médica de Minas Gerais, Associação dos Hospitais e Unimed-BH, foi firmado pacto entre as entidades privadas e o poder público.
“Os profissionais serão capacitados para fazer o diagnóstico da doença, pois a cada ano surge uma novidade no tratamento, e, ainda, deve ser feita articulação entre as assessorias de comunicação social do Ibedess para reforçar o alerta à comunidade sobre os perigos da doença”, afirma o consultor do Ibedess, César Vieira.
(Por Pedro Rocha Franco,
Estado de Minas, 30/01/2009)