Na entrada da Reserva Indígena Duque de Caxias, em José Boiteux, uma cancela improvisada de madeira impede o acesso de agricultores à área. Um índio com um facão na cintura é quem controla o movimento de entrada e saída. Depois de duas semanas de protestos, índios reivindicam agora a interdição da área em litígio.
O objetivo é proibir a exploração de atividades agrícolas na região até que se decida sobre a demarcação das terras. Ontem à tarde, representantes das sete aldeias discutiram medidas para agilizar o processo judicial com o procurador federal Derli Fiuza, na sede da Funai.
– Enquanto não for decidido definitivamente sobre a demarcação, as mobilizações vão continuar. E queremos a interdição da área como garantia – disse o cacique Enoque Caxias Popó, da Aldeia Figueira, onde ontem à tarde havia mais de 200 índios reunidos aguardando por novidades no processo.
– Todas as liminares foram caçadas. Agora podemos começar a demarcar. Mas primeiro precisamos resolver a situação do conflito, garantir segurança – completou o procurador Derli.
De manhã, sete policiais militares, com armas em punho, faziam a segurança na localidade de Rio Denecke II, em Vitor Meireles. Os militares estavam posicionados no local onde os indígenas montaram uma barreira na segunda-feira, quando o agricultor Jairo Francisco Sepka, 28 anos, foi baleado.
O reforço do efetivo é para garantir a segurança de voluntários e funcionários da prefeitura que trabalham na construção de uma ponte de madeira no entorno da reserva.
– Passamos a noite inteira acordados, ouvindo os disparos feitos pelos índios. Atiraram mais de 15 vezes contra o meu irmão – desabafou Altair Sepka, que mora próximo à entrada da reserva.
(Por Isabela Kiesel,
Diário Catarinense, 30/01/2009)