(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
cvrd passivos da mineração
2009-01-30

Ao longo da estrada de Ferro de Carajás, que atravessa Pará e Maranhão, correm a cada dia uma média de 25 trens para o transporte do minério da Vale do Rio Doce. A cada mês os trens atropelam e matam uma pessoa; até agora, a única indenização da Vale para as famílias das vítimas foi a compra do caixão. Vale: mata e ajuda a enterrar.  Na Indonésia, a Vale adquiriu e ocupou terras indígenas para exploração minerária. Foram deslocados povos nativos e a multinacional construiu um hotel com campo de golf bem por cima do antigo cemitério desses povos.

De onde vem essa afinidade da Vale com a morte? Quais as responsabilidades da Vale e dos Estados nacionais na extrema violência ambiental causada pelo modelo de mineração e siderurgia? Por que a Vale tem uma receita tão grande (35 bilhões de dólares por ano, maior do que o PIB de países inteiros como o Quênia) e nosso povo ao lado dos trilhos só vê os trens do saque passar sem que haja uma recaída digna de vida para as pessoas? Voltaram a se abrir as veias da América Latina? (95% do ferro extraído em Carajás é exportado sem nenhum investimento no trabalho local).

São essas as perguntas constantes de muitas lideranças de comunidades afetadas pela "empresa global com sede no Brasil", como Vale gosta de ser chamada, desterritorializando-se e desresponsabilizando-se. A campanha "Justiça nos Trilhos" aproveitou o FSM para recolher essas perguntas, articular o movimento de denúncia, buscar alternativas e devolver força e dignidade a todas as vítimas da Vale.

O seminário internacional, coordenado pelos advogados Guilherme Zagallo e Danilo Chammas, teve a participação de moradores afetados pela Vale no corredor de Carajás, em Minas Gerais, no Canadá, no Moçambique, além de pesquisadores em sociologia e economia da Universidade de São Luís e do Centro Nuovo Modello di Sviluppo da Itália, e de sindicatos importantes como United Steel Workers no Canadá e o Sindicato dos Ferroviários de Pará, Maranhão e Tocantins.

Mining Watch, outra entidade canadense, permitiu ao público uma volta pelo mundo através de seu observatório internacional sobre o impacto da mineração no meio ambiente e nos povos.

Apesar da atual crise econômica, a Vale se encontra numa etapa de forte crescimento e está investindo muito especialmente no corredor de Carajás, para aumentar a extração de minério, a produção de gusa e de aço. "Depois do primeiro ciclo desenvolvimentista para o norte no País nos anos 80-90 (soja e produção de ferro gusa) articulado também pelo sistema logístico da Vale, a gestão da Companhia por financeiros e banqueiros após a privatização abriu um segundo ciclo, aproveitando a entrada da China no mercado, com um aumento significativo do ritmo de produção e exploração", disse o sociólogo Marcelo Carneiro.

Frente a esses novos desafios, é necessário e urgente que também o monitoramento e a pressão sobre a multinacional aconteça através de um articulado e qualificado trabalho em rede. É isso que a campanha "Justiça nos Trilhos" favorece: redes de movimentos e grupos espalhados pelo Brasil, interagindo com outros países do mundo e visando estruturas interconectadas de controle social sobre a Vale.

Cândido Grzybowski, coordenador do Ibase, especifica: "Não rejeitamos a Vale, nem qualquer das empresas. Mas, sobretudo nessa época de crise sistêmica, faz-se urgente uma civilização que nos permita tirar da natureza o que ela nos oferece, de maneira subsidiária e compensatória".

"Objetivo prioritário da campanha Justiça nos Trilhos é implementar instrumentos legais, políticos e econômicos para que, com a pressão e participação da sociedade civil organizada, a Vale seja forçada a redistribuir seu enorme lucro através de indenizações, compensações ambientais e a reconstituição de um Fundo de Desenvolvimento participado pela população", acrescenta Guilherme Zagallo.

A análise econômica do "sistema Vale" logo aponta para numerosas contradições: Francesco Gesualdi relata que "a Vale emprega 153 mil funcionários em todo o mundo, 124 mil no Brasil; desses últimos, 76 mil são contratados por outras empresas, terceirizadas. É uma ótima estratégia para não se responsabilizar pelos empregados". Considere-se que só na região de Parauapebas (PA) a Vale responde a mais de 8 mil processos trabalhistas!

E os lucros dessa grande multinacional? Cerca de 60% entram diretamente no bolso dos donos da privatizada e dos maiores acionistas. Menos de 20% vai aos trabalhadores, enquanto as taxas e royalties garantem ao governo 25%. A Vale, símbolo da abertura do governo brasileiro para a agenda neoliberal, mostra com evidência que seu objetivo é "tornar os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres", conclui Gesualdi. 

A companhia insiste na sua política de expansão e bate à porta de novos países: a testemunha mozambicana relata sobre o projeto da Vale da maior mina de carvão no hemisfério sul. Encontrar-se no FSM com outros impactados e com associações e grupos comprometidos há anos no enfrentamento da Vale ajuda a prever a estratégia da multinacional nessas novas frentes de investimento. Todos os instrumentos legais, a pressão popular e a comunicação interativa são necessários para colocar a Vale nos trilhos da justiça sócioambiental!

(Adital, 29/01/2009)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -