Autoridades sanitárias do Estado de Queensland, na Austrália, afirmam que precisam de mais informações para investigar uma possível relação entre as deformidades que atingiram larvas de peixes em uma incubadora próxima ao rio Noosa, em Sunshine Coast, e a incidência de câncer em moradores da região. Milhares de larvas mortas, deformadas e com anomalias - encontradas desde o final de agosto - e a ocorrência de pelo menos cinco casos da doença nos anos recentes têm aumentado o temor dos residentes da costa australiana.
Os moradores vizinhos à plantação de macadâmia receiam que o que causou a deformidade nos embriões seja responsável, também, pela incidência de câncer e tentam unir forças para pedir ao Estado que investigue formalmente o caso. Após o responsável pela incubadora de peixes de Sunland, Bernard Gevers, contatar nesta ùltima semana o departamento sanitário do Estado, outros residentes disseram que fariam o mesmo.
Eles querem saber se uma escala de problemas de saúde - não apenas câncer - estão ligados com os produtos químicos agrícolas - o pesticida endosulfan e o fungicida carbendazim - pulverizados na plantação vizinha à incubadora. Os agrotóxicos estão sendo apontados pelo especialista em animais aquáticos e membro da faculdade australiana de cientistas veterinários, Matt Landos, como responsáveis pelo ocorrido.
Um dos moradores que está sendo tratado pela doença disse aos jornais australianos que outros problemas de saúde, que variam de dores de cabeça crônica a um persistente gosto de metal, também são percebidos na vizinhança.
Pedido de proibição
Os proprietários da incubadora querem uma proibição provisória do uso de produtos químicos agrícolas na área até que sejam esclarecidas as acusações. "Assim que eles forem garantidos como seguros então sim, somente estes, sejam permitidos para que sejam usados novamente", disse Gwen Gilson. "Eu assisti milhões de embriões morrerem, deformarem-se ou entrarem em convulsão - o que para mim é tão horrendo quanto se tivesse acontecido com um pequeno coala", conta ela, acrescentando ser necessário e urgente encontrar alternativas para os cultivadores da macadâmia.
Peritos começam investigação
Um grupo de trabalho do governo estatal encarregado de investigar as anomalias que afetaram a espécie Basa reuniram-se pela primeira vez na tarde desta ùltima quarta-feira (28/01) em Brisbane, capital do Estado. O trabalho chave do grupo será determinar se uma combinação de herbicidas, fungicidas e inseticidas pulverizados na plantação de macadâmia perto da incubadora de peixes esta causando os problemas com a espécie.
Embora a contaminação química e tóxica da água seja sugerida como causa possível, o veterinário responsável pelo grupo, Ron Glanville, diz que as autoridades manterão a mente aberta. "Estas investigações podem ser bastante complexas e tomará algum tempo", disse. "Poderemos levar 12 meses para terminarmos as investigações e, infelizmente, pode acontecer de não conseguirmos apontar com precisão a causa do ocorrido".
Mais otimista, Dr Matt Landos, também membro do grupo, afirma que está sendo desenvolvida uma planta de ação urgente. "Há um certo entusiasmo entre o grupo de atuar rapidamente neste caso... e para começar a olhar de forma urgente se o uso dessas substâncias é seguro e pode ser liberado". "Há também alguns resultados preliminares - que permanecem confidenciais nesta fase - de testes feitos na incubadora e nós esperamos que essas informações sejam liberadas junto com um relatório final em aproximadamente duas semanas".
Dr Landos acrescenta ainda que o Estado está fazendo testes em tanques de água próximos à incubadora de Gilson no intuito de assegurar se é ou não seguro beber a água da região.
Participam do grupo de trabalho, além dos já citados, os representantes do Departamento de Indústria Primária e de Pesca do Estado e da Agência de Proteção Ambiental de Queensland.
(Por Tatiana Feldens, AmbienteJá, com agências internacionais, 30/01/2009)