A comissão interministerial que analisa as mudanças na legislação do petróleo para a futura exploração da camada do pré-sal reuniu-se, na última segunda-feira (26), sem qualquer tipo de divulgação do encontro. O grupo, porém, não estava completo. Dos titulares, estavam apenas o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Outros importantes integrantes do colegiado, como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, não estavam presentes. Segundo Lobão, foi principalmente por conta das ausências que essa reunião não foi definitiva. A expectativa agora, segundo ele, é de que uma nova reunião, agora sim, conclusiva aconteça na próxima semana.
"Concebemos cinco modelos possíveis que pretendemos encaminhar ao presidente da República", disse o ministro. Segundo ele, a expectativa é de que, uma vez nas mãos de Lula, o presidente leve aproximadamente um mês para concluir sua análise.
Ao comentar os seguidos adiamentos do prazo para conclusão dos trabalhos da comissão, inicialmente programado para o segundo semestre do ano passado, Lobão admitiu que, num primeiro momento, o governo imaginou que poderia concluir rapidamente o trabalho. "O fundamental é que não podemos cometer erros. Por isso, o atraso não é um grande problema", disse o ministro.
Lobão participou nesta quarta-feira (28) da cerimônia de assinatura dos contratos de concessão de duas linhas de transmissão e sete subestações de energia que foram leiloados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em outubro do ano passado. Essas linhas, que terão 356 quilômetros de extensão, foram arrematadas por estatais do grupo Eletrobrás (Eletronorte, Eletrosul, Furnas e Chesf) e pelo grupo privado Neoenergia e demandarão R$ 500 milhões para serem construídas.
Investimentos O ministro afirmou ainda que a Petrobras não está se arriscando ao manter - em um cenário de queda do preço do petróleo e de crise econômica - os investimentos nas duas refinarias premium, voltadas para a exportação, que serão construídas no Maranhão e no Ceará. "Não há risco. O preço do petróleo caiu, mas já se recupera. E até o final do ano deverá estar alinhado e estabilizado", afirmou.
Lobão disse que na sua avaliação uma cotação razoável para o preço internacional do barril seria entre US$ 70 e US$ 80. Ao explicar os motivos que levaram a Petrobras a manter investimentos nas refinarias, Lobão disse que esse tipo de aposta é de longo e médio prazos. "Essas refinarias vão produzir daqui a seis ou oito anos. E para isso temos que começar agora, porque em seis ou oito anos, a China não terá mais petróleo seu e vai importar 100% do que consome. Além disso, a crise econômica estará resolvida. Temos que começar agora se não quisermos perder o bonde da história", afirmou.
A refinaria do Maranhão é considera nos bastidores como um importante trunfo político de Lobão, que é senador eleito pelo Estado e segundo consta, potencial candidato a governador. O ministro seguirá daqui a pouco para a Casa Civil da Presidência da República, onde se reunirá com a ministra Dilma Rousseff para discutir as obras do PAC.
(Por Leonardo Goy, Estadão Online,
Ambiente Brasil, 29/01/2009)