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litoral do rs dunas xangri-lá
2009-01-29

Destratadas e agredidas por gerações de veranistas gaúchos, as dunas estão assumindo o papel de vedetes no Litoral Norte. Sob pressão das autoridades ambientais, as prefeituras da região agora se empenham em fazer afagos nos seus combalidos montes de areia.

Os planos em andamento incluem instalação de passarelas, replantio de espécies nativas e até a reconstrução de linhas de cômoros que haviam sumido completamente. Em algumas praias, a intervenção já começa a resultar no renascimento de um ecossistema ameaçado.

Xangri-lá, que havia perdido a maior parte de seus cômoros, é um dos municípios que se destacam pelas soluções adotadas. As ações estão fazendo com que eles ressurjam como por mágica. Nas centenas de metros em frente ao condomínio Playa Vista, que financiou a iniciativa como medida compensatória pelo empreendimento, foram instaladas, em setembro, fileiras de cercas de madeira para brecar a ação do vento. Desde então, já subiram do solo dunas com mais de um metro de altura.

– O resultado é incrível – comemora Estevão Schwanbach, biólogo da prefeitura.

Nas duas praias de Osório, outro município avançado no processo de recuperação, as ações também mudaram o panorama à beira-mar: as águas de Mariápolis e Atlântida Sul ganharam quatro acessos para banhistas, demarcados por estacas de madeira em fileiras.

A intenção é que os veranistas usem esses caminhos, instalados no inverno passado, para fazer o trajeto entre a zona urbana e a beira da praia. Antes, para chegar ao mar, tinham de escalar os cômoros, prejudicando a fauna e a vegetação e impedindo a fixação das formações. Como resultado, já é possível notar uma explosão de vegetação nascendo da areia.

A novidade fez a alegria dos frequentadores de Atlântida Sul. O casal de Canoas Marjane Betiollo da Silva, 46 anos, e Luís Henrique Ferreira, 48 anos, veraneia na praia há 27 anos.

– Chegar à praia era uma maratona. Ficou bom para as duas partes: a dos veranistas e a da preservação da natureza – elogiou Marjane.

A corrida para proteger as areias decorre da pressão da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). A partir de uma resolução federal de 2002, ficou estabelecido que as prefeituras devem desenvolver planos de manejo das dunas frontais. Quase todas já encaminharam projetos e estão em diferentes estágios de implantação.

– É importante cuidar das dunas, porque elas existem para proteger o que está atrás delas – diz Ana Pellini, diretora-presidente da Fepam.

A importância das dunas
Uma das marcas registradas do Litoral Norte, os cômoros cumprem funções importantes:
Barreira à água – As dunas são uma barreira que protege contra o avanço das marés sobre a zona urbana.

Proteção contra a areia – Quando estão preservados, os cômoros impedem que a areia tome as zonas urbanas, um problema em muitas praias gaúchas. Isso ocorre porque a vegetação típica dessa formação fixa a areia. Se a duna é maltratada e pisoteada, essa vegetação some, e a areia se solta. O problema se agrava porque o vento Nordeste alimenta com mananciais inesgotáveis de areia o processo.

Ecossistema – O cordão de dunas conta com um ecossistema específico, em que vivem espécies que não são encontradas em outros locais. Entre os animais estão o tuco-tuco, a coruja buraqueira e o sapinho da areia.

Reservatório – As formações de areia também funcionam como reservatórios de água doce, que fica armazenada no subsolo e impede o avanço da água do mar. Graças a isso, é possível cavar poços e retirar água potável em terra.

(Zero Hora, 29/01/2009)


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