A multidão que marchou terça-feira (27) pela cidade de Belém quer, exige, denuncia, luta por tanta coisa que parece impossível, em dado momento, diagnosticar uma agenda, ou síntese. Muitas apostas interpretativas caíram como a água da chuva. Uma maneira de expressar essa imensa diversidade é apresentar as manifestações da caminhada. Aqui está: a marcha e o Fórum em frases.
BELÉM - Acompanhar mais uma marcha do Fórum Social Mundial causa, antes de mais, um certo espanto alegre. A multidão que marchou terça-feira (27) pela cidade de Belém é tamanha e quer, exige, denuncia, luta por tanta coisa que nos pareceu impossível, em dado momento, diagnosticar uma agenda, ou síntese, de modo que todas as apostas interpretativas foram derrubadas como a água da chuva. Ali, parados, canetas na mão e idéias digladiando-se nos escassos espaços mentais. Lotação esgotada.
Perguntamos a Enio Squeff, colunista de Carta Maior que acompanhava junto o acontecimento, o que estava escrito ali, naquela faixa, ao que ele respondeu, de chofre: “isso não é para entender”. Uma consideração de Manoel de Barros sobre a poesia talvez ajude a esta tentativa de tradução, cuja única forma que se apresentou como possível foi esta, literal, transliteral, imagética, aporética, non sense, lindo, bom, bem, como apareceu o que vimos e vivemos ontem à tarde, antes, durante e depois da chuva: “Entender é parede; procure ser árvore”.
Então tá. Aí vai o Fórum em frases:
Aqui tem verde.
Lula, cadê a garantia do emprego?
Viva a Resistência do Povo Palestino.
Eu vim para trabalhar, não para morrer.
Un mondo diverso è possible.
PT contra a guerra.
Não às barragens de Belo Monte e do Xingu.
Vamos Amazonizar o mundo.
Regularização das terras quilombolas.
Trabalho escravo: vamos abolir de vez.
Sindicato pelo trabalho decente.
Abaixo a rede Globo.
Palestina Livre.
Samba, índios, samba.
Apresentação do documentário Mataram Irmã Dorothy.
Sem Intolerância.
Presença anglicana no Fórum.
Marcha da Maconha.
Trabalhadores não podem pagar pela crise.
Por espaços mais justos e sociedades mais humanas.
Italianos carregam bandeira da Palestina.
Pra lutar contra Lula e os patrões: construir uma nova central sindical.
Conlutas: todo apoio ao povo palestino.
Intoxicados da FUNASA – lutar pela vida é lutar pelos direitos humanos. Economia Solidária: outra economia acontece.
Reforma Urbana.
Não à corrupção.Povo na Rua, trabalho escravo nem pensar.
Caravana carbono neutro.
Movimento agroecológico América Latina e Caribe.
Coletivo contra Naturas: radicalidade lesbiana.
Virgem de Nazaré, na terra de direitos onde não está a justiça.
Rede da juventude pelo meio ambiente sustentável.
Respeitabilidade religiosa.
www.rosalux.de
Los Derechos Humanos son para todas las personas.
Aldeia da paz.
Visión para um nuevo mundo.
A violência é apenas uma consequência da desigualdade social.
Sim, um outro mundo é possível, sem usinas termelétricas: não à U.T.E. da Vale.
Todo dia é dia de luta pela saúde.
Um mundo de direitos.
www.amisrael.com.br
Resistentes e Teimosos na construção de outro mundo possível.
Movimento Nacional pela Moradia Popular.
The right to know, the right to live, government money is our money.
SOS Saúde Mental (bordado sobre pano verde).
Pela saúde pública e universal para todos os povos.
Crítica Radical: Fora Política, não vote.
“Capitalismo é para morrer, não adianta o estado socorrer”.
Que crise é essa?
Não às fundações de direito privado.
VEM= Vegetarianos em Movimento.
Apocalipse 3:20.
AHE Belo Monte: energia para nossa gente.
Palestina livre e soberana.
Aborto é um direito.
MaMuMu.
Igualdade.
Chega de massacre e genocídio.
Liberdade de amar é um direito.
Kizomba: nosso planeta não está à venda. Queremos o título definitivo. Saneamento básico e segurança.
Escola de samba planetária.
Não à redução da maioridade penal.
Cachorro quente + suco = 1,50.
Socializar a riqueza para combater a desigualdade.
Por outra imagem da mulher na tevê. Feministas contra o capital.
Feministas contra o racismo.
Pela vida das mulheres.
Direito ao nosso corpo, legalizar o aborto.
Cuidado, racismo mata.
Povos da bacia do rio Madeira no FSM 2009, não às empresas na amazônia.
Não há direitos humanos sem as mulheres.
São culpados pela crise: BID, Banco Mundial, FMI.
O mundo discute suas diversidades – Conselho Municipal de Saúde de Manaus.
Outro mundo amazônico é possível.
O Maranhão exige respeito. Sarney Nunca Mais.
“Ni guerra que nos destruya, ni paz que nos oprima”.
“Segura, segura imperialista, a América Latina vai ser toda socialista!”
(Por Katarina Peixoto, João Manoel Oliveira e Clarissa Pont, Carta Maior, 28/01/2009)