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imprensa e meio ambiente
2009-01-28
Há mais de 20 anos no mercado financeiro e há cinco discutindo sustentabilidade e sua relação com o sistema financeiro, Hugo Penteado, economista, fala ao Portal IMPRENSA sobre a importância da abordagem do tema pela mídia e sobre o papel dos meios de comunicação na construção de uma consciência de preservação do planeta. O autor de "Ecoeconomia - Uma Nova Abordagem" comenta, ainda, o rebanho bovino brasileiro como um dos maiores poluidores; o Nobel de Al Gore; e a importância de Chico Mendes. Acompanhe.

A pauta de sustentabilidade é largamente explorada pelos meios de comunicação. No entanto, nem sempre as matérias acerca, de fato, trazem alguma informação relevante. Você acredita que o mau uso do tema pode causar desinteresse ao grande público?

De forma alguma. Em mais de 200 palestras que fiz, a aderência das pessoas foi de 100%. As pessoas são entidades interligadas e inteligentes e já sabem tudo que está sendo feito de errado pelos governos e pelas empresas e por elas mesmas. Desse modo, o nível de cobrança vai crescer muito, porque o risco agora é da nossa sobrevivência como espécie animal e as evidências horríveis já se amontoaram o suficiente para disparar esse salto de consciência.

Qual o papel da imprensa na preservação do meio-ambiente? Você acredita que as notícias sobre o tema podem ser encaradas pelo público simplesmente como mais uma informação e não como um aviso; um alerta?

Não, acho que a imprensa já vem desempenhando um papel de alerta há muito tempo, embora não nas matérias principais. Isso exerceu influência sobre mim e mudou minha forma de pensar, durante os últimos 12 anos que venho pensando nisso. Tudo que descobri livremente na mídia me ajudou a construir um pensamento voltado para eu mesmo mudar. Esse movimento está ganhando força e o meio ambiente está entrando na equação, mas não como mais um novo fundamentalismo, e sim com a consciência necessária de integrar planeta, ser humano e economia o tempo todo, sempre lembrando que o planeta e o meio ambiente são as entidades mais importantes, em segundo lugar vem as pessoas e por último, e menos importante, vem a economia.

Os EUA são os maiores poluidores da Terra e, ainda assim, não aceitaram as propostas feitas no Protocolo de Kyoto. Você acredita que a imprensa do país, se assim desejar, poderá mobilizar a sociedade norte-americana para que o governo aceite participar de algum tratado no futuro?

Acho que dar nomes aos poluidores é péssimo. Precisamos começar a entender que a flatulência dos 200 milhões de cabeças de gado e o enorme desmatamento coloca cada um dos brasileiros como um dos maiores poluidores do mundo. Acho que é hora do diálogo e de mudanças internas, ao invés de ficar olhando o que o outro está fazendo, devemos nós mesmos dar o exemplo de necessidade de negociar com a Terra e entender a gravidade da situação. Com isso poderemos negociar melhor na comunidade internacional, senão a discussão fica parecendo de crianças no Jardim de Infância: "ele fez, quero fazer também. Porque ele pode e eu não?".

Qual a importância do ex-vice-presidente norte-americano Al Gore na divulgação da pauta de sustentabilidade? O Nobel da Paz foi um prêmio que correspondeu as suas ações?

Al Gore teve uma enorme relevância em divulgar as informações científicas e colocar cada um da sua platéia como responsável pelo aquecimento global. Até agora as pessoas achavam que a prioridade delas era resolver seus problemas pessoais e esses problemas planetários cabem às instituições resolverem. Mas ainda em relação ao Al Gore, não me conformei ao ver a matéria "The Tale of Two Houses" que saiu no New York Times, onde a casa dele é muito mais sugadora do planeta que a casa do Bush, que revogou durante seu governo várias medidas de proteção ao meio ambiente, do muito pouco que sobrou nos Estados Unidos. Não dá para falar sobre isso [preservação do meio ambiente] e não dar o exemplo.

Há vinte anos, Chico Mendes foi assassinado em nome da luta pela preservação da floresta Amazônica. Você acredita que a morte dele serviu para mudar algo no panorama da devastação de nossas florestas?

O papel do Chico Mendes para a preservação e para o alerta foi e ainda é muito forte na mente de todos. Serve para mostrar que as florestas continuarão sendo destruídas se não mudarmos o modelo econômico que criou um bicho que não tem boca nem estômago (de onde vem os recursos pouco importa) e não tem intestino nem reto (para onde vão os resíduos pouco importa). Esse bicho dos economistas só tem sistema circulatório e não teria supostamente contato nenhum com o meio ambiente, nem estaria limitado a ele, o que é um absurdo, uma teoria claramente falsa, mas que ainda rege todas as decisões dos governos e das empresas, fazendo a humanidade caminhar cada vez mais aceleradamente em direção ao colapso.

Em que momento o meio-ambiente se tornou assunto indispensável na grande mídia, especialmente, a brasileira?

O meio ambiente ainda não se tornou indispensável na mídia, porque as pessoas ainda mantêm um modelo mental de separação entre economia e o meio ambiente, como se eles pudessem estar separados. Esse mito deriva de um auto-conceito humano, pelo qual ele acha que é capaz de fazer algo de realmente importante em relação ao universo. O mais importante que deveríamos fazer aqui é cuidar um dos outros o tempo todo, porque somos muito vulneráveis e dependentes. Temos que lembrar que tudo a nossa volta é matéria e energia e o ser humano não produz nem matéria nem energia. Em relação à natureza somos meros consumidores/transformadores e não podemos mais continuar nos comportando como pragas.

(REBIA Sudeste, Portal Imprensa, Portal do Meio Ambiente, 28/01/2009)

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