Cerca de 1.200 índios fizeram no fim da manhã de terça-feira (27) uma faixa-humana em defesa da Amazônia. Indígenas do Brasil, Peru, da Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guatemala e de outros países das Américas Latina e Central posicionaram-se para escrever a frase “Salve a Amazônia”. A imagem foi filmada e fotografada do alto por equipes em helicópteros que sobrevoavam o local da manifestação, que ocorreu na Universidade Federal Rural da Amazônia.
O protesto foi organizado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Sixto Alverca Cruz, do Peru, membro de uma entidade que luta contra as mineradoras no Peru, veio ao Fórum reclamar da intervenção de empresas chinesas de mineração na região em que ele vive, no norte do país.
“O governo está desconhecendo os nossos direitos indígenas, coletivos e individuais. Nós viemos aqui propor uma agenda para ser ouvida pelo mundo inteiro. As empresas transnacionais de mineração e o avanço dos transgênicos vão prejudicar muito a soberania alimentar e, além disso, a instalação dessas mineradoras no Peru vai contaminar os rios da Amazônia, tudo está interligado”, defendeu.
Os índios estavam vestidos com roupas típicas, cocares e muitos tinham os corpos pintados. Antes de começar o protesto, eles fizeram um ritual de purificação, com cantos e danças para pedir aos espíritos força para suportar o calor e as chuvas.
Francisco Bernardino, da etnia juruna, em Altamira, no Pará, contou que o seu grupo vai protestar durante o Fórum contra a construção da Usina de Belomonte, que irá alagar a região onde a sua tribo vive.
“Lá moram 70 povos indígenas e nós não queremos (a construção da usina) porque vamos ficar sem as nossas matas, sem os nossos animais, os nossos antepassados moraram lá. A nossa terra é a nossa mãe para nós, é dela que tiramos o sustento das nossas famílias”, explicou.
Dionito José de Souza, da etnia macuxi, morador da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, acredita que os indígenas que vieram para o Fórum, mesmo de diferentes origens e com revindicações distintas, são unidos em defesa dos direitos de um único povo.
“O que nos une são os problemas, sejam eles grandes ou pequenos. Nós que temos o mesmo cheiro, uma alma do mesmo povo, temos que nos defender. O que não é bom para mim, o outro não vai apoiar, a gente precisa se unir”, afirmou.
(Por Amanda Cieglinski, Agência Brasil,
Ambiente Brasil, 28/01/2009)