Belo Horizonte confirma os seus primeiros 20 casos de dengue do ano, sendo nove na Região Norte. A capital tem 397 notificações, e o risco de uma epidemia e a ocorrência de casos mais graves preocupam os moradores. No estado foram registrados os dois primeiros casos suspeitos de dengue hemorrágica do ano, sendo que um dos pacientes morreu. A Fundação Ezequiel Dias investiga a causa da morte de um morador de Coronel Fabriciano, a 198 quilômetros da capital, no Vale do Aço. Em Ipatinga, na mesma região, há uma adolescente de 13 anos internada com sintomas da forma mais grave da doença transmitida pelo Aedes aegypti. Ao todo, há 467 casos notificados em Minas. Além da dengue, as chuvas, que não dão trégua ao estado, trouxeram outro perigo: a leptospirose. BH já tem 10 casos confirmados.
Na terça-feira, a auxiliar administrativo da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Venda Nova, Michelle Talita Moreira, de 22 anos, constatou, com prova do laço positiva, que está com dengue pela segunda vez e tem grandes chances de desenvolver a forma hemorrágica. Os primeiros registros na capital foram feitos no início do mês.
A Região de Venda Nova é a que apresenta os piores índices de infestação do mosquito, com 5,7% dos imóveis com a presença de larvas do vetor, segundo último Levantamento de Infestação do Aedes aegypti (LIRAa), divulgado no dia 21. São quatro casos de dengue confirmados em Venda Nova, além da auxiliar administrativo Michelle Talita, que na terça-feira identificou a doença em exame feito no seu local de trabalho.
Ela mora no Bairro Cidade Nova, na Região Nordeste, mas acredita que foi contaminada em Venda Nova. Michelle teme desenvolver a forma mais grave, pois já sofreu com a dengue na epidemia de 1998. “Desde domingo tenho dor no corpo, indisposição, febre, dor de cabeça na região dos olhos. Meus colegas ficaram espantados quando verificaram as manchas vermelhas no meu braço com o resultado do teste do laço. Com esses sinais, vou precisar de um acompanhamento mais contínuo, com exames de sangue diários”, conta Michelle.
O Centro de Saúde Andradas, localizado no Bairro São João Batista, em Venda Nova, conta com o pior LIRAa da cidade, com 10% dos imóveis infestados. O gerente da unidade Edval Pereira de Oliveira treinou terça-feira os 33 agentes comunitários de saúde do Andradas para enfrentar a guerra contra a doença.
Segundo Edval, o caso de Michelle ainda não pode ser considerado uma suspeita da forma hemorrágica, mas requer cuidados específicos. “Pacientes como a Michelle devem ser acompanhados de perto, pois se houver sangramento ou queda de plaquetas é sinal de que desenvolve a forma hemorrágica da doença e precisa de internação. Trabalhei como enfermeiro em 1996, quando Venda Nova passou pela primeira explosão de casos e atendia até 40 pessoas por dia. Vamos arregaçar as mangas para não vivermos algo semelhante”, afirma.
De acordo com o gerente de Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Francisco Lemos, o estado vive uma situação preocupante em relação à dengue e, se a população e o poder público não unirem forças para reduzir o índice de infestação do mosquito, haverá um crescimento do número de casos, com pacientes graves.
“Estamos em um período de início das transmissões e já temos casos suspeitos de hemorrágicas. É um sinal de que a dengue mudou nos últimos anos, pois há circulação de mais um vírus e ocorrências de formas mais graves. Se há falhas na prevenção, com aumento da infestação do mosquito, precisamos fortalecer a assistência médica hospitalar para evitar que as pessoas que adoecerem sofram complicações.”
Ratos
Além dos cuidados com a dengue, os centros de saúde da capital e de cidades que sofreram com enchentes como Ponte Nova, Manhumirim e Divinópolis também trabalham na identificação de casos de leptospirose, doença transmitida pela urina de ratos. Em Belo Horizonte, são 55 casos sendo avaliados e 10 já confirmados. No Centro de Saúde Tirol, os agentes comunitários de saúde visitaram todas as casas inundadas e descobriram no