O pescado da Lagoa de Araruama não oferece risco para o consumo, segundo analises laboratoriais encomendadas pelo Consórcio Ambiental Lagos-São João.
Mesmo assim, a draga que está fazendo a retirada de areia e detritos que assoreavam o canal de Itajuru, em Cabo Frio, vai continuar os trabalhos de desobstrução para tentar diminuir a falta de oxigênio na lagoa de Araruama, onde ocorre uma grande mortandade de peixes desde de sábado, dia 24. Já foram retirados mais de 40 toneladas de peixes mortos.
O secretário municipal de Meio Ambiente de Cabo Frio, Carlos Victor Mendes, informou nesta segunda-feira, dia 26, que a mortandade de peixes seria uma conseqüência das fortes chuvas que atingiram a região nos últimos dias, que ajudou a aumentar e represar os detritos para a lagoa de Araruama. A salinidade teria atingido um nível insuportável para os peixes.
Inea busca solução
O presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão da Secretaria do Ambiente, Luiz Firmino Martins, fará uma audiência pública nesta terça-feira, às 18 horas, na Câmara de Vereadores de São Pedro D Aldeia, com objetivo de discutir soluções para a mortandade de peixes na Lagoa de Araruama, no último fim de semana.
Além de discutir soluções para o problema, Firmino também demonstrará os resultados positivos provocados pelas obras realizadas na região, como o desassoreamento do Canal Itajuru e a despoluição da própria Lagoa de Araruama, que permitiu a total recuperação do espelho d água e o retorno da vida marinha local.
Ambientalistas e ONGs da região divulgaram nota reconhecendo que as águas estavam cristalinas até novembro último. Segundo cálculo de ambientalistas, cerca de 30 toneladas de pescado morreram nos últimos três dias devido à falta de oxigênio. O presidente do Inea disse que, mesmo com o acidente ambiental, a lagoa está se recuperando.
Ong 'Viva Lagoa'
Arnaldo Vila Nova, presidente da ONG Viva Lagoa, admite que as chuvas carregaram para a lagoa os esgotos que fizeram proliferar a quantidade de algas, alimentadas por nutrientes como fósforo e nitrogênio, existentes nos efluentes. As algas competem com os peixes no consumo de oxigênio, provocando a mortandade.
"Nossa Lagoa esteve cristalina até 15 de Dezembro. A partir dessa data, as intensas chuvas que tiveram início em 15/12 ocasionaram o carregamento de nutrientes para a Lagoa (material de lixiviação e esgotos em maior quantidade). Mais uma vez a Lagoa entrou em colapso e ficou turva, com a proliferação das nossas conhecidas algas.
Desde o dia 14/1, acompanhamos a ocorrência de mortandade de peixes na Lagoa Araruama. Primeiro foram Savelhas - sardinhas de boca torta e praticamente de nenhum valor comercial. Entretanto, esses peixes são os primeiros indicadores de falta de oxigênio na Lagoa. Na madrugada de hoje morreram peixes e camarões com alto valor comercial - o defeso implantado que suspendeu a pesca por três meses, funcionou e permitiu o crescimento das espécies marinhas. Os camarões atingiram tamanho de 19 cm, fato que não ocorria há décadas.
Isso motivou justos protestos dos pescadores que viram, mais uma vez, seu ganhapão perder-se nas agruras ambientais. Há que se achar um culpado. Optaram por culpar o sistema de saneamento de captação em tempo seco.
A memória é curta e parece que esqueceram o tempo em que praticamente todas as nossas enseadas estavam cobertas com algas e forte mau cheiro. Esqueceram ainda que a pescaria estava impraticável, uma vez que as redes saiam cheias de algas e a Lagoa sequer tinha peixe ou camarão para ser pescado.
Dizia-se que não havia camarão, nem pra remédio. Vamos superar esse episódio, continuar com a ampliação do sistema de captação de esgotos, com maior abertura do canal hidráulico de alimentação da Lagoa e voltar a ter nossa Lagoa cristalina como esteve de junho a dezembro desse ano.
É previsto que a draga deve entrar em operação na Ponta do Ambrósio na quarta-feira para remover cordão arenoso entre ilha Palmer ou Ilha do Açu e a Ponta do Ambrósio, bem como remover o assoreamento causado pelos antigos pilares (ora removidos) da adutora Bacaxá".
(O Dia, 27/01/2009)