Para o Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, o grande diferencial dessa edição do evento, que acontece em Belém (PA), em plena Amazônia, é o destaque dado aos povos da floresta. A programação desta quarta-feira (28), batizada de Dia da Pan-Amazônia, será toda dedicada a temáticas regionais, em diálogo com outras regiões do mundo. A Pan-Amazônia abriga nove países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa.
- Já tivemos fóruns na Índia, na África, e, em nenhum desses fóruns, os africanos ou indianos tiveram um dia para discutir suas questões. Conseguimos dizer que aqui na Amazônia não queríamos simplesmente preparar a logística para que outras pessoas viessem dizer o que queriam para Amazônia. Nós queremos dizer isso ao mundo, e queremos um dia inteiro dedicado a essas questões - disse Aldalice Otterloo, integrante do comitê organizador, em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (27).
A abertura oficial do Fórum Social Mundial foi programada para as 15h desta terça-feira (16h, pelo horário de Brasília), com uma caminhada que sairá da Estação das Docas rumo à Praça do Operário. Até a manhã desta terça-feira, de acordo com a organização, 92 mil pessoas já haviam se credenciado.
Iniciativas para mudar o mundoA comissão também informou na entrevista coletiva que as propostas que resultarem das 2.310 atividades autogestionadas (de responsabilidade dos próprios propositores) inscritas no fórum serão apresentadas ao final do evento em painéis e no ato de encerramento, a Assembleia das Assembleias, prevista para o dia 1º de fevereiro, que reunirá todos os movimentos sociais.
- Todas as atividades que se realizam no fórum são autogestionadas. Ninguém recebe cachê. A ideia é descobrir convergências entre diferentes trabalhos e lançar iniciativas para mudar o mundo. Elas vão dar margem ao lançamento de campanhas e ações - explicou Chico Whitaker, membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz e também responsável pela organização do evento.
Oded Grajew, um dos idealizadores do Fórum Social Mundial, observou que essa mesma dinâmica de atividades permitiu que, em edições anteriores, os debates tivessem sido capazes de antever os rumos do capitalismo mundial. Ele lamentou que as soluções propostas para a crise que se desenhava naquelas ocasiões não tenham sido levadas em consideração.
- Diziam que os recursos eram limitados. Agora na crise, de repente, apareceram trilhões de dólares para socorrer montadoras, bancos e empresas falidas e que poderiam ter sido usados para combater a pobreza, melhorar saúde e a educação - disse.
(Por Raíssa Abreu,
Agência Senado, 27/01/2009)