O ambiente de permanente conflito e de criminalização dos movimentos sociais impede que o Rio Grande do Sul volte a sediar o Fórum Social Mundial. A opinião, do deputado Dionilso Marcon, refere-se à notícia de que o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, enviou a secretária Clênia Maranhão a Belém do Pará a fim de manifestar, junto aos organizadores do Fórum, a intenção de recuperar para a capital gaúcha o status de sede do evento planetário.
“Há uma discrepância entre a intenção do prefeito e a relação que o governo gaúcho estabelece com os movimentos que dão sustentação ao Fórum Social”, pontua o parlamentar, lembrando de uma dezena de episódios em que as forças de segurança do estado adotaram postura agressiva e de repressão às manifestações de trabalhadores e de minorias no estado. O caso mais recente ocorreu na semana passada, durante a realização do 13º Encontro Nacional do MST, no município de Sarandi. A Brigada Militar montou um cerco no entorno do assentamento Novo Sarandi e exigiu documentos de participantes e inclusive de autoridades, a exemplo do ex-governador Olívio Dutra.
Já o governador do Paraná, Roberto Requião, teve as cortesias de praxe, como segurança, negadas pela Casa Militar gaúcha. Áreas próximas da Fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul, e da Monsanto, em Não-me-Toque, também foram cercadas por policiais. “O encontro atraiu representações de 20 países, inclusive dos Estados Unidos, e estes ativistas saíram daqui com a imagem de um governo autoritário”, relata Marcon.
“Os ideais e princípios do Fórum Social Mundial não condizem com o DNA do atual governo do estado, que não esconde sua aversão por qualquer forma de organização social”, atesta Marcon. Porto Alegre foi escolhida para abrigar as edições do Fórum de 2001, 2002, 2003 e 2005 porque, no período, as administrações do estado ou de Porto Alegre eram identificadas com os valores e princípios da organização do evento. “ Hoje, infelizmente, o Rio Grande do Sul não inspira a idéia de que um outro mundo é possível”, arremata.
(Por Denise Ritter, Agência de Notícias AL-RS, 27/01/2009)