A Alemanha deu sinal verde para um plano de "fertilização" do oceano com nanopartículas de sulfato de ferro. A experiência prevê a utilização de cerca de seis toneladas da substância para "fertilizar" uma área de 300 km² no Atlântico Sul, como medida pra combater o aquecimento global.
A iniciativa – uma parceria entre Alemanha e Índia - é considerada controversa por muitos especialistas. Devido a seguidos protestos de ambientalistas, o Ministério alemão da Educação e Pesquisa havia ordenado a suspensão do plano para submetê-lo a uma revisão urgente.
Redução do efeito estufa
"Depois de um cuidadoso estudo de especialistas, estou convencida que não há objeções científicas ou jurídicas a este projeto", disse em comunicado a ministra alemã da Pesquisa, Annete Schavan, nesta semana. O projeto prevê, mais especificamente, a utilização de sulfato de ferro para promover o crescimento de fitoplâncton; este, por sua vez, consome e armazena dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa. Os opositores do plano temem que a técnica de "fertilização" possa ter consequências nocivas. O ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, afirmou que o experimento "abala a credibilidade alemã e o papel de vanguarda do país em proteção da biodiversidade".
Polarstern
A "fertilização" com nanopartículas de sulfato de ferro será feita pelo navio oceanográfico Polarstern, do Instituto Alemão Alfred Wegener de Investigação Polar e Marítima (AWI). No dia 7 de janeiro, aproximadamente 50 cientistas de diferentes países partiram da Cidade do Cabo, na África do Sul, a bordo do navio de pesquisas, para iniciar o experimento.
A intenção é que o fitoplâncton assimile o ferro e se reproduza rapidamente, absorvendo o dióxido de carbono da superfície da água. Depois de mortas, as algas microscópicas acabariam depositadas no fundo do oceano como sedimento, onde o CO2 absorvido permaneceria armazenado. Assim, o oceano absorveria mais dióxido de carbono do ar, reduzindo o efeito estufa.
A eficácia desse método, no entanto, é questionada. Em abril de 2007, a revista científica Nature publicou resultados de um estudo realizado nas proximidades das ilhas Kerguelen, no sul do Oceano Índico, revelando que a utilização do sulfato de ferro seria entre 10 e 100 vezes menos eficaz do que os processos naturais, pois cerca de 90% do ferro lançado no oceano acaba se dispersando, sem produzir os efeitos esperados.
(Agências, DW, 27/01/2009)