No início de sua segunda semana como presidente dos EUA, Barack Obama começou a tratar de dois problemas que estavam entre os principais pontos de seu projeto de governo: a dependência energética e as mudanças climáticas. Obama assinou nessa segunda, dia 26, decretos que limitam o consumo de combustível e as emissões de gases do efeito estufa pelos automóveis. E, de quebra, comprou briga com as montadoras.
O primeiro passo foi o de ordenar que a Agência de Proteção Ambiental permita que a Califórnia e outros 13 Estados determinem as próprias metas de redução das emissões de gases do efeito estufa provenientes de automóveis novos – o que foi negado por Bush em uma decisão de 2007. Outros quatro Estados estudam adotar a medida.
– O governo federal deve trabalhar com, e não contra, os Estados para reduzir as emissões de gases estufa – ressaltou Obama.
Nesses Estados, juntos, circulam quase metade da frota de carros dos EUA. Obama afirmou ainda que, com a aprovação do Congresso, vai aumentar os padrões de eficiência do consumo de combustível dos veículos – das atuais 27,5 milhas por galão para 35 milhas por galão, ou 14,9 quilômetros por litro.
– Não seremos mais reféns de regimes hostis (alguns países árabes que exportam petróleo) e de um planeta em aquecimento.
Ele pretende enviar regras ao Departamento de Transportes para complementar os padrões de economia de combustível até março, de maneira que elas possam entrar em vigor para os modelos de 2011.
A administração Bush havia prometido tomar essas medidas antes do final do governo, mas por fim passou a bola para Barack Obama. O democrata afirmou em coletiva que as medidas criarão 450 mil empregos na área energética e que economizarão U$ 2 bilhões aos americanos:
– Isso pode representar uma economia de dois milhões de barris de petróleo por dia, quase todo o petróleo que importamos do Golfo Pérsico – disse Obama, acrescentando que as indústrias terão até 2011 para se adequar ao novo padrão.
O Protocolo de Kyoto, que não foi assinado pelos Estados Unidos, determina uma redução de 5% nas emissões de gases do efeito estufa com base nos níveis de 1990. A intenção de Obama é diminuir as emissões em 80% até 2050. Também ontem, a nova secretária de Estado americana, Hillary Clinton, nomeou Todd Stern como enviado para as mudanças climáticas, o principal representante do país nas conversas sobre um substituto de Kyoto, no fim deste ano.
(ZH, 26/01/2009)