Nenhum argumento foi suficiente para sensibilizar a base governista na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (AL-SC) a estender o Auxílio Reação, de R$ 415,00, também para as famílias que permanecem nos abrigos no Vale do Itajaí, em função das enchentes e deslizamentos ocorridos em novembro de 2008. "É uma vergonha, um escândalo, o que está acontecendo em nosso Estado. O governo utiliza o dinheiro que foi doado em função da solidariedade do povo brasileiro para com os catarinenses, mas não aceita ouvir os apelos da população sofrida, que está vivendo nos abrigos", desabafou a deputada Ana Paula Lima (PT), após a votação da Medida Provisória número 148, que instituiu o auxílio, no dia 30 de dezembro do ano passado.
Presidente do Fórum Permanente de Solidariedade e Pela Reconstrução das Cidades Atingidas pelas Enchentes e Enxurradas em 2008, a deputada propôs e coordenou uma audiência pública, realizada no dia 23 de dezembro, quando surgiram propostas para a superação de problemas decorrentes da tragédia. A audiência aconteceu na Assembléia Legislativa e reuniu mais de 300 pessoas, que apontaram muitas dificuldades vividas após as enchentes e deslizamentos. Uma das maiores preocupações é com a construção e reconstrução das moradias perdidas pelas famílias. Houve críticas inclusive quanto a falhas no cadastramento das famílias atingidas.
A morosidade do governo em instituir o auxílio, já que está sendo criado exclusivamente com recursos de doações, e a desorganização de prefeitos e governo do Estado na superação da crise, foram duramente criticadas pela deputada petista. A própria autoconvocação da Assembléia, nos dias 29 e 30, na avaliação da parlamentar, teve como propósito a aprovação de outras matérias do governo como a que ela chamou de "renúncia fiscal."
"A única medida que justificou esta convocação é a de número 148," destacou Ana Paula, na tribuna. "Outras matérias que estavam na pauta, como a Medida Provisória 147, nos causaram estranheza ao serem tratadas neste momento. Essa medida, traduzida ao pé da letra, é uma grande renúncia fiscal", disse ela, que considera contraditória a atitude do governo. Ela disse não compreender como o Estado pode diminuir a arrecadação de impostos de grandes empresas, quando não há investimentos suficientes em áreas como saúde e habitação. "Demoram as soluções para as moradias dos atingidos, trabalhadores como os policiais e bombeiros não têm atendidas suas reivindicações porque o governo alega que não há recursos. Como explicar, então, a renúncia de arrecadação?", indagou a parlamentar.
(Por Linete Martins, Assessoria de Imprensa da deputada Ana Paula Lima, AL-SC, 26/01/2009)