Dummer encontrou o cadáver do animal em estado de decomposição
A morte de dois bugios na região de Entre Rios, no interior de Vera Cruz, está intrigando os moradores. Os animais foram encontrados em meio a matas próximas a lavouras de arroz na semana passada. A 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) enviou agentes ao local, mas não pôde comprovar o que causou a morte dos animais. Mesmo assim, o caso foi notificado à Secretaria Estadual da Saúde.
A morte de primatas é um dos indicadores da presença de febre amarela. Em outras regiões do Estado foi a partir de casos como esses que começaram a ser adotadas ações preventivas em torno da doença. Em Vera Cruz, segundo o agente de saúde Francisco Quevedo, que atua nas investigações, como a morte dos animais havia ocorrido há mais de oito dias não foi possível realizar os exames para saber a causa.
Entretanto, os moradores das áreas próximas foram orientados a ficarem atentos para novos casos ou possíveis manifestações de sintomas da doença em humanos. Caso haja alguma dessas situações, serão feitos exames para comprovar se houve algum tipo de contágio.
O aposentado Rui Dummer, 63 anos, ficou assustado. Ele vive a cerca de um quilômetro da mata onde estava o bugio. “Comecei a ouvir falar que tinha bugio morto. Quando fui ver, encontrei”, disse na tarde de ontem, enquanto vistoriava o local. Dummer não aplicou a vacina e espera que seja feita uma campanha em toda a região para evitar o aparecimento da doença.
Há duas semanas também foram encontrados bugios mortos em Salto do Jacuí e Tunas. Nessas cidades foram 18 animais, que segundo agentes de saúde, têm grandes chances de estarem contaminados. Esses municípios já foram considerados áreas de risco pelo governo do Estado.
SAIBA MAIS
Conforme o médico infectologista e coordenador do Núcleo Epidemiológico Hospitalar do HSC, Marcelo Carneiro, a febre amarela é fatal entre 5% e 10% dos casos. Na maioria das vezes a doença se manifesta com sintomas semelhantes aos de um resfriado, com febre e dores pelo corpo, e passa despercebida. Ele explica ainda que a vacina, em alguns casos, pode ter efeitos colaterais como febre, mal-estar e irritação.
ENTENDA
A febre amarela é uma arbovirose causadora de morbidade e grave em regiões tropicais da África e das Américas. É uma doença febril aguda, de curta duração. Primatas, sobretudo bugios, gênero Alouatta, são os principais hospedeiros do vírus. Os vetores mais comuns, na América Latina, são os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Na forma silvestre da doença, ocorre infecção quando uma pessoa é atacada por mosquito que picou um primata e se infectou.
(Por Dejair Machado, Gazeta do Sul, 27/01/2009)