A implantação do Complexo Turístico Residencial Quinta dos Ganchos em Governador Celso Ramos (SC) terá obras de terraplanagem, escavação, construção civil, dragagem e aterro de praia. Uma das ações de maior impacto será o movimento de terras para a construção de uma marina – a área do empreendimento fica na planície da Baía de Tijucas, a 35 quilômetros ao norte de Florianópolis.
O projeto do grupo espanhol Atlântica Brasil Golf & Resort Investimentos prevê a criação de dois portos desportivos de padrão internacional para inserir o Quinta dos Ganchos na rota do turismo náutico. O primeiro porto ficará na entrada do empreendimento, com espaço para a atracação de 900 embarcações, enquanto o outro será feito no interior do complexo, com um tamanho menor.
Para possibilitar o acesso dos barcos, a Atlântica Brasil quer escavar e modificar o curso dos rios Inferninho e Jordão, que passam pelo terreno antes de desaguar na baía. A profundidade deles mudaria de 0,5 m para 2,5 a 3,10 m e a largura, para 20 metros. A consultoria ambiental Caruso Jr., que produziu o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), diz que essa medida também ajudará a acabar com os alagamentos, que são comuns na área.
A primeira tentativa de resolver o problema foi na década de 1970, quando o Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS) retificou os rios. A obra, porém, não deu certo.
“Os diques das margens do rio Inferninho não contêm as águas”, “ocorrendo consequentemente o transbordo e o alagamento de toda a planície localizada nas proximidades da sua foz até as margens da BR-101”, escreveram os pesquisadores da Caruso Jr. no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), que contém o resumo do EIA.
Grande parte da propriedade ficou submersa, por exemplo, em 22 de novembro de 2008, no fim de semana em que chuvas intensas atingiram Santa Catarina, provocando enxurradas e deslizamentos e deixando 136 pessoas mortas. O gado que ainda é criado no terreno precisou andar até os trechos mais altos para escapar do alagamento.
Além de mexer na profundidade do canal, a Atlântica Brasil pretende evitar inundações com o acréscimo de 1,8 metro à altitude da propriedade, por meio de um aterro de 23 milhões de metros cúbicos de solo, volume que encheria 9.200 piscinas olímpicas.
Para reverter a degradação atual do terreno e da mata ciliar, o grupo espanhol se propõe a criar um viveiro de mudas e plantar cerca de 500 mil árvores nativas. Caso isso seja feito, o empreendimento teria três milhões de metros quadrados de área verde, o que corresponderia a 25% da propriedade.
(Por Rodrigo Brüning Schmitt, Ambiente JÁ, 27/01/2009)