O Projeto Dourado deve realizar nesta terça-feira (27/01) a soltura de cerca de 100 peixes da espécie dourado, na cabeceira do Rio dos Sinos. Desse total, 12 animais receberão a implante de um transmissor, que será colocado pouco antes da soltura, no município de Caraá. Os trabalhos começam às 6 horas da manhã, com a saída da área de reprodução dos peixes, no bairro Feitoria, em São Leopoldo.
Depois da viagem até Caraá, os peixes serão colocados em pontos pré-determinados do rio, onde estão condições ideais de profundidade e disposição de alimentos, para evitar que os animais se dispersem.
Segundo o coordenador técnico do Projeto Dourado, Uwe Schulz , os peixes com transmissores serão rastreados com bases fixas e até com o uso de aviões, nos próximos dois meses. O trabalho vai mostrar o comportamento de peixes jovens no Rio dos Sinos, indicando para onde eles migram durante sua fase de crescimento e, principalmente, quantos deles acabam descendo o rio até o Jacuí, saindo do sistema hídrico do Sinos. Isso vai ser importante para sabermos, da hora de executarmos projetos de repovoamento, quantos peixes poderemos soltar e onde, para o trabalho ser mais eficaz, assinala Schulz, que é professor de Biologia e coordenador do Laboratório de Ecologia de Peixes da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo.
O Projeto Dourado é uma iniciativa do Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio dos Sinos (Comitesinos) e da Unisinos, com patrocínio do Programa Petrobrás Ambiental.
Esta não é a primeira vez em que se solta peixes da espécie dourado no Sinos, para estudo. Em 2002, o Projeto Peixe Dourado teve 25 peixes soltos no rio, com radio transmissores. Daquela vez, eram espécies adultos, que acabaram rapidamente formando território. Agora, são peixes juvenis, que têm uma tendência maior de migração, para procurarem seu espaço no rio, assinala Schulz.
O PROBLEMA DOS PESCADORES
Tanto no primeiro estudo como na etapa que será realizada amanhã, o principal inimigo do projeto de repovoamento do Rio dos Sinos está sendo a pesca. Precisamos destes dados para trazer o dourado de volta ao Sinos. Porém, da primeira vez tivemos muitos transmissores perdidos pela captura desses peixes. Agora, antes mesmo de soltarmos a nova leva, percebemos que muita gente está pescando rio acima, inclusive com redes, explica o coordenador.
Schulz conta que os peixes precisam ser soltos porque é o momento certo, tanto pelo ciclo de vida dos peixes, como nos prazos da pesquisa. O projeto acabou atrasando pela enchente do Rio dos Sinos, que no ano passado invadiu os criatórios e levou os alevinos e matrizes. Os pesquisadores conseguiram mais prazo dos financiadores da pesquisa e têm prazo para apresentarem seus relatórios. As pessoas precisariam se conscientizar que devem evitar a pesca de dourados, para o bem do rio. Vamos torcer para isso, conclui Schulz.
(Texto recebido por E-mail, Assessoria de imprensa do Comitesinos, 27/01/2009)