O radar meteorológico a ser adquirido pela Prefeitura de Belo Horizonte para controlar com precisão a chegada e a intensidade de grandes temporais, como os dois que castigaram a Região Oeste e o Barreiro, deixando um saldo de mortes e destruição, vai monitorar área num raio de 200 a 300 quilômetros e custaria cerca de 1,2 milhão de euros (R$ 3,84 milhões). O aparelho, semelhante ao usado no circuito da Fórmula-1, deverá ser instalado no topo da Serra da Curral ou da Serra da Piedade, em Caeté, na região metropolitana da capital.
Segundo o secretário municipal de Políticas Urbanas, Murilo Valadares, a prefeitura vai abrir licitação para compra do equipamento, que é capaz de monitorar também chuvas de granizo e ventos fortes. O modelo e o custo para operá-lo só serão conhecidos depois da licitação que revelará a empresa vencedora. “Ele não pode enxergar nada pela frente, pois tem que ‘achar’ as nuvens”, diz Valadares. O equipamento emite ondas eletromagnéticas verticais e horizontais.
Elas entram nas nuvens e atingem as gotículas, retornando à base com informações precisas sobre a distância da tempestade e o local que será afetado, acrescentou. O secretário já discutiu o assunto em três reuniões com representantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Copasa, Cemig e Defesa Civil.
Outro encontro será marcado para fevereiro. A intenção da prefeitura é comprar o aparelho, mas fazer um acordo para que o governo do estado, por meio da Cemig, assuma o custo da operação, que não foi estimado por Murilo Valadares. “O radar não é tem um preço alto: cerca de 1,2 milhão de euros. O caro é operá-lo diariamente.” O secretário de Políticas Urbanas acredita que a viabilidade da compra do radar será definida em três meses. A Cemig, alegando sigilo, preferiu não comentar o assunto.
O radar informa a localidade que será castigada por temporais com antecedência de uma ou duas horas. Com esse tempo, a prefeitura acredita que poderá alertar os moradores sobre o risco de transbordamento de córregos, enchentes, chuva de granizo e ventanias.
Murilo Valadares informou que a população será alertada por meio de sirenes, mas não explicou como e onde esses equipamentos serão instalados. Avaliou que o mecanismo, se já estivesse em operação, evitaria a tragédia que abalou a capital no réveillon, quando cinco pessoas morreram arrastadas pela cheia do Ribeirão Arrudas. “Se não posso evitar a inundação, posso fazer um sistema de alarme.”
ArrudasA Prefeitura de BH promete concluir nesta segunda-feira a limpeza da Avenida Tereza Cristina e, a partir de terça-feira, deve concentrar esforços em áreas próximas, também atingidas pela enchente de quinta-feira. A secretária de Administração Regional Oeste, Neusa Fonseca, explica que a recuperação do asfalto do corredor de trânsito, que liga a área central ao Barreiro, deve ser concluída até 10 de fevereiro. Paralelamente, serão instalados novos gradis e muretas no canal do Ribeirão Arrudas. “Vamos fazer o orçamento hoje, para em seguida comprar o material”, afirma a secretária.
Enquanto prosseguem as obras, a PBH faz o cadastramento das famílias que terão direito a auxílio financeiro para a compra de móveis, utensílios e outros objetos perdidos. A expectativa é de que a primeira parte do estudo, com base nos prejuízos das chuvas do réveillon, seja concluída esta semana pela Secretaria Municipal de Políticas Sociais, mas não há previsão de quantias.
“O ressarcimento será proporcional às perdas”, esclarece Neusa, ponderando que doações são bem-vindas. Além de móveis e utensílios, há carência de material de limpeza, como água sanitária, que previne a leptospirose.
Na Região Oeste, os donativos podem ser entregues na Paróquia do Bairro Betânia, na Rua Úrsula Paulino, esquina de Canoas. Outra opção é fazê-lo por meio da Associação Municipal de Assistência Social (Amas).
(Por Paulo Henrique Lobato,
Estado de Minas, 26/01/2009)