Cerca de 1.500 indígenas do Brasil e quase 500 indígenas de outros países participarão da nona edição do Fórum Social Mundial (FSM), que acontece em Belém (Pará), entre 27 de janeiro e 1 de fevereiro. Os indígenas irão denunciar as agressões feitas aos povos e ao meio-ambiente em todo o planeta, principalmente na Abya Yala (América). Eles pretendem, a partir do evento, firmar uma agenda comum de lutas para enfrentar a crise ambiental e a mercantilização da vida.
Dentre os principais temas a serem debatidos pelos indígenas estão: os grandes projetos de infraestrutura e os acordos de livre comércio que ameaçam suas terras; a importância das terras indígenas para a sustentabilidade do planeta; e a violência contra os povos indígenas e a criminalização das lideranças que lutam por suas terras.
As atividades dos povos indígenas se concentrarão na Universidade Federal Rural do Pará (UFRA), na Tenda dos Povos Indígenas, mas também estão previstos debates com a participação indígena em outros espaços, como as tendas dos Povos da Floresta, dos Direitos Humanos e da Cartografia Social.
No dia 27, pela manhã, as atividades começam com a Assembléia de Organizações e Povos Indígenas. A Coordenação Andina de Organizações Indígenas (CAOI) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), da qual participa a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), são as principais articuladoras dos indígenas no FSM. Após a Assembléia os indígenas farão um grande ato UFRA, onde formarão uma bandeira humana em defesa da Amazônia e do planeta.
No dia 29, a partir do meio-dia, os indígenas farão uma caminhada pela UFRA e pela UFPA (Universidade Federal do Pará). À noite, haverá uma grande festa cultural, na rua Castilhos França (próxima ao mercado Ver-o-Peso).
No dia 1 de fevereiro, os indígenas encerram suas articulações no FSM com uma assembléia na Tenda dos Povos Indígenas (UFRA), onde decidirão as ações a serem realizadas conjuntamente nos próximos anos.
Indígenas Guarani e Terena participam do FSM-2009 Cerca de 40 Guarani do Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul (Brasil) e da região oriental do Paraguai, junto com representantes do povo Terena de Mato Grosso do Sul, estão a caminho de Belém/PA para participar do Fórum Social Mundial (FSM).
A delegação indígena saiu de Porto Alegre dia 20 de janeiro e chegará a Belém dia 26 de janeiro, no caminho irão parar na terra do povo Apinajé, em Tocantins. Os indígenas estão muito satisfeitos de participar do Fórum por ser uma oportunidade de serem ouvidos.
Carregando muita expectativa e esperança na convocatória dos movimentos sociais de todo o mundo, os indígenas vão para se juntar com seus irmãos indígenas do Brasil, da América Latina e de outros lugares do planeta. Igualmente com organizações e movimentos das más variadas representações da África, das Américas e Europa.
“Esperamos que a participação dos Kaiowá-Guarani e Terena junto a outros povos indígenas no FSM seja um momento para fazer muitas denúncias sobre as violações que sofrem os povos indígenas. Esperamos também que seja um espaço para fortalecer a luta pela autonomia e autodeterminação dos povos indígenas”, manifestou Elvis Clei Polidario, jovem Terena da Aldeia Mãe Terra, de Miranda/MS.
Elizeu Lopes, liderança do povo Kaiowá-Guarani, da aldeia Kurusú Ambá, município de Amambaí/MS, disse que o FSM vai ser um espaço importante para colocar perante o mundo a necessidade urgente que há de demarcar terras indígenas no Brasil e os outros paises. E falou também que “nós do Mato Grosso do Sul, especialmente, vamos denunciar o governador André Puccinelli por pregar a violência contra os indígenas, pois ele está contra a demarcação de terra e falou que se há demarcação a favor dos povos indígenas, em Mato Grosso do sul vai ter guerra; e nos consideramos isso como um chamado á violência”.
O Terena Inácio Faustino, da Aldeia Mãe Terra, assinalou que “nosso objetivo no FSM é continuar a luta para garantir nosso direito, especialmente, dar força para o processo de demarcação de terra do povo kaiowá-Guarani no Brasil, e para terminar pronto à demarcação física e homologação do território de nosso povo Terena na região de Miranda no Mato Grosso do Sul”.
Atividades promovidas pelo CimiArticulado com organizações indígenas e indigenistas e outros movimentos sociais, o Cimi promove 5 atividades no FSM (informações completas no fim da mensagem).
28/1 – Encontro dos rios ameaçados no Brasil
29/1 – Projetos hídricos em terras indígenas
29/1 – Lançamento do Mapa Guarani Retã e da campanha Povos Indígenas na Amazônia: Presente e Futuro da Humanidade
30/1 – Territorialidade e populações tradicionais no Brasil (povos indígenas e quilombolas)
31/1 – Terra, território e identidade na Amazônia Oriental: um olhar das populações indígenas sobre os grandes projetos.
FSM 2009 - Atividades Promovidas pelo Cimi e parceiros
DIA 28 – REUNIÃO
ENCONTRO DOS RIOS AMEAÇADOS NO BRASIL
Horário: 15H30 às 18H30
Local: UFPA Básico bloco: Ab Sala: A 2
Dinâmica:
15h30 – 17h30: Reunião para articular ações em defesa dos rios brasileiros
17h30 – 18h30: Ato à beira do rio Guamá
Organizadores: CIMI, MAB, Articulação Popular contra a transposição do Rio São Francisco.
Convidados: Entidades e articulações que atuam em defesa dos rios brasileiros
DIA 29 – PAINEL
PROJETOS HIDRELETRICOS EM TERRAS INDIGENAS
Horário: 8h30 às 11h30
Local: Tenda dos Povos da Floresta - UFRA
Dinâmica:
9h30 - 10h15 - Depoimentos indígenas
10h15 – 10h45 – Felício Pontes (Procurador da República) e Representante do MAB
10h45 – 11h30 debate
Organizadores: Fórum dos povos indígenas do Pará; CIMI, MAB
Coordenação: Sheila Juruna de Altamira
DIA 29 – LANÇAMENTO
Campanha: Povos Indígenas na Amazônia: Presente e Futuro da Humanidade
Mapa Guarani Retã
Local: Tenda dos Povos Indígenas
Horário: 15h30h às 18h (dentro do painel Terras e Território dos Povos Indígenas no Pará e Abya Yala - Regularização, proteção e autonomia)
DIA 30 – PAINEL
Territorialidade e Populações Tradicionais no Brasil (Povos Indígenas e Quilombolas)
Local: Tenda Ir. Dorothy
Horário: 15h30 as 18h30
Dinâmica:
15h30 às 16h30 - Painel
Prof. Alfredo Wagner (Universidade Federal da Amazônia)
Dom Erwin (Bispo da Prelazia do Xingu e presidente do Cimi)
Dionito Makuxi (Conselho Indígena de Roraima)
Nice Machado (Quilombola – Maranhão)
Dijé (Quebradeira de côco – Maranhão)
16h30 às 17h15 - Depoimentos:
Índios da Raposa Serra do Sol, Indígenas Borari (Santarém –PA), Dom Roque (Bispo da Diocese de Roraima)
17h45 às 18h30 - Debate
Coordenação: Paulo Suess
Dia 31 - PAINEL
Terra, Território e identidade na Amazônia Oriental: Um olhar das populações indígenas sobre os grandes projetos.
Horário: 8h30 às 11h30
Local: UFRA Medicina Veterinária sala MV 001
Dinâmica:
8h30 às 10h - Painel
Ireô Kaiapó (PA),
Antônio Apinajé (TO),
Valdemar Kaíapor (MA)
10h às 11h30 - Debate
Coordenação: Conselho Indigenista Missionário Cimi (Regional Norte II)
(Por Marcy Picanço,
Cimi, 24/01/2009)