Turistas brasileiros e estrangeiros começam a, cada vez mais, procurar destinos ambientalmente corretos e a aventura associada à conservação ambiental. Também neste quesito o Brasil turístico é riquíssimo em alternativas e possibilidades, até, de contribuir para a conservação ambiental enquanto se curte a estação.
É verão no Brasil e famílias inteiras debandam do interior para algum ponto dos oito mil quilômetros de praias que emolduram a costa do país. Mas quando fazem isto, deixam de conhecer as delícias e a beleza existentes no resto dos 8.514.215,3 de quilômetros quadrados de “Brasis”.
Em cada quadrante, o país oferece uma infinidade de alternativas de turismo e lazer que o brasileiro e o estrangeiro, aos poucos, começam a conhecer. E ao fazer isto, o turista tem a oportunidade de vivenciar a nossa cultura, as belezas naturais (matas, cachoeiras, rios, corredeiras, praias fluviais) e, ao mesmo tempo, contribuir para a conservação destes recursos naturais.
É o caso de parte das mais de 700 Reservas Particulares do Patrimônio Nacional (RPPNs) existentes em todo o país, que se dedicam ao ecoturismo. Na definição do Ibama, “a RPPN é uma unidade de conservação criada em área privada, gravada em caráter de perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica”.
“A criação de uma RPPN é um ato voluntário do proprietário, que decide constituir sua propriedade, ou parte dela, em uma RPPN, sem que isto ocasione perda do direito de propriedade”.
É de atividades ligadas ao ecoturismo, esportes radicais como o arvorismo e a canoagem, hotéis fazenda etc., que alguns proprietários de RPPNs arrecadam os recursos necessários para proteger o ecossistema, contribuindo para a conservação da megabiodiversidade brasileira.
Novos destinos, nova atitude
Ao buscar novos destinos, com viés conservacionista, o turista estará contribuindo não somente com a natureza, mas também com toda a cadeia de serviços envolvida nestas atividades, como o transporte, alimentação, hospedagem, entre outros, gerando renda digna para as famílias envolvidas.
Se você mora ou pretende visitar o Centro-Oeste, por exemplo, pode optar por passar férias na Fazenda Aguapé http://www.aguape.com.br/, no município de Aquidauana ( Mato Grosso do Sul), parceira do Programa Pantanal para Sempre do WWF-Brasil.
A área pertencente a uma mesma família há mais de 150 anos. Desde 1989 diversificou suas atividades, dando continuidade à criação de gado, hoje voltado para a produção orgânica, atuando no turismo ecológico e pesca e dando apoio a projetos como Escola Pantaneira, Cavalo Pantaneiro e Projeto Arara Azul.
A fazenda é formada por vegetação típica do Pantanal e cerrado, com baías, vazantes e o rio Aquidauana. Tanto no período de cheia ou na seca, o visitante pode ter contato com as belezas do Pantanal. É também um ótimo lugar para observadores de aves.
Os turistas são recebidos pelo proprietário da fazenda João Ildefonso Pinheiro e sua família. Hábil contatador de causos, o sr João, como é conhecido na região, gosta de reforçar a cultura pantaneira e de contar histórias aos visitantes. Entre as opções de passeios oferecidos estão cavalgadas, safári fotográfico, passeio de barco, focagem noturna de animais, passeios de charrete.
Mas você mora no Nordeste e não quer ir tão longe neste verão. Neste caso, você pode dar um pulinho aí mesmo, na Bahia, e visitar a Reserva Natural Serra do Teimoso.
Criada em 1997 e reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), a área também ostenta o título de Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. O local, de interesse histórico e cultural, oferece 40 leitos, em alojamento para pesquisadores e visitantes com acomodações simples, energia elétrica, telefone, equipamentos de informática, um grande casarão construído na década de 70, barcaças e secadores para o beneficiamento de cacau.
O casarão desperta a atenção dos visitantes pelo alto valor histórico, arquitetura, e pelas relíquias guardadas em seu interior, como móveis antigos de madeira de lei, fabricados no início século XX, fotos e armas antigas, possibilitando entender como se deu a ocupação do local.
Para os aventureiros, a RPPN possui três trilhas interpretativas com diferentes graus de dificuldade, uma plataforma de observação na copa de um jequitibá, a 32 metros de altura. Para os mais sossegados, piscina de água corrente e sauna.
Na região Sudeste, você pode seguir as dicas sugeridas pelo (Programa Trilhas de São Paulo) http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/meio_ambiente_brasil/mata_atlantica/?15080, que incentiva prática de ecoturismo em unidades de conservação na Mata Atlântica. Lançado pela Secretaria do Meio Ambiente (SMA) do Estado de São Paulo e a Fundação Florestal do Estado de São Paulo em 2007, o programa apresenta 40 trilhas distribuídas por 19 unidades de conservação paulistas, totalizando mais de 200 quilômetros.
(Por Geralda Magela,
WWF-Brasil, 23/01/2009)