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febre amarela animais silvestres
2009-01-26

Vale do Taquari - Com três mortes confirmadas no Estado, outros três casos ainda em investigação e 111 municípios na área de risco, a febre amarela tornou apreensivo o começo de ano dos gaúchos. No Vale do Taquari, apesar de não haver nenhum município na área de risco, a preocupação não é diferente. No entanto, a ansiedade exagerada, aliada à falta de informação, só atrapalha no enfrentamento da doença. Para esclarecer possíveis dúvidas sobre a febre amarela, o jornal O Informativo do Vale entrevista a coordenadora do Programa de Conservação de Fauna Silvestre de Porto Alegre, Soraya Ribeiro.

Natural de Bom Retiro do Sul, a bióloga, mestre em Zoologia, explica que a febre amarela tem origem africana. “Certamente alguma pessoa vinda desses locais trouxe o vírus e encontrou aqui as condições climáticas e o hospedeiro ideal para sua proliferação”, observa. Segundo ela, mudanças climáticas podem ser um indutor desse processo, já que a doença apareceu ano passado, após grande precipitação e temperaturas altas, o que favoreceu a reprodução dos mosquitos contaminados.

Para a especialista, o que mais preocupa os pesquisadores é a desinformação de algumas pessoas que vinculam a doença diretamente ao bugio, o que não é verdade. “Muitos deles já foram mortos por pessoas desinformadas. Por isso, a Prefeitura de Porto Alegre está encabeçando um grupo formado por pesquisadores e técnicos, com o objetivo de esclarecer que o bugio é o transmissor e evitar a matança e perseguição dos animais”, frisa.

O Informativo do Vale - Por que está se falando tanto sobre febre amarela nas últimas semanas no Estado?
Soraya Ribeiro
- Porque desde o final do ano passado começaram a aparecer casos de febre amarela no interior do Estado, mais precisamente na região noroeste.

O que há de concreto sobre a doença no Estado?
Ribeiro
- Há uma área com presença da doença, que é formada pela região noroeste e central do Estado, onde alguns bugios apareceram mortos. No humano também foram constatados dois casos (a entrevista foi concedida antes de 23 de janeiro, quando foi confirmado o terceiro caso de morte por febre amarela).

Quais as medidas de enfrentamento e controle da doença que estão sendo tomadas?
Ribeiro
- A Secretaria de Saúde do Estado está fazendo a vacinação nas zonas onde há a doença.

Por que o controle da morte de bugios é tão importante no enfrentamento da doença?
Ribeiro
- O mosquito que transmite a febre amarela, Haemagogus sp, habita matas, por isso é chamada de febre amarela silvestre. O bugio é um primata como nós,  vive nas matas e quando o mosquito ­infectado aparece, o primeiro a ser picado é ele. Então, por isso, o bugio é o primeiro a adoecer. Se não ­houvessem bugios nas matas, como ocorre em muitas cidades do Vale do Taquari, os primeiros casos da doença só seriam vistos em seres humanos.

Por isso, deve ficar bem claro que o fato de existir bugios nas matas não quer dizer que exista febre amarela. Também vale salientar que o fato de um bugio estar doente não quer dizer que ele vai transmitir a febre amarela. Quem transmite a doença é o mosquito ­infectado. O bugio é nosso grande aliado, pois a vacinação só ocorre depois que o animal fica doente.

Qual o critério para determinar quais municípios integram a área de risco?
Ribeiro
- O aparecimento da doença.

Há possibilidade de a febre amarela chegar aos centro urbanos?
Ribeiro
- Sim, pois além do mosquito do gênero Haemagogus sp, o mosquito Aedes aegypti também pode transmitir a doença. Nesse caso, a febre amarela passa a ser urbana e não mais silvestre. Isso pode ocorrer desde que uma pessoa infectada vá para a cidade e seja picada pelo Aedes, que transmitiria a doença.

Como é feita a transmissão da febre amarela?
Ribeiro
- Pela picada do mosquito contaminado.

Após quanto tempo é possível observar os sintomas da febre amarela e quais são eles?
Ribeiro
- Entre quatro a seis dias, após ser contaminado. Os sintomas são febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (amarelão) e hemorragias.

Quem deve se vacinar?
Ribeiro
- Pessoas que irão para áreas de risco, onde a doença ocorra. Lembrando que o Brasil é um país que há muitos anos convive com essa doença, tanto que para viajar para algumas regiões é necessária a vacinação.

Existem contra-indicações da vacina?
Ribeiro
- Sim, pessoas com problemas de alergia a ovo, imunossuprimidas, alergia a antibióticos, entre outras.

(Por Ermilo Drews, O Informativo do Vale, 26/01/2009)


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