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extinção de espécies
2009-01-26

Pesquisadores do Refúgio Biológico Bela Vista, unidade de proteção vinculada à Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu, conseguiram reproduzir duas harpias (Harpia harpyja), ave símbolo do Brasão de Armas do Paraná considerada praticamente extinta no Sul do país e rara no Brasil.

O primeiro filhote do animal, também conhecido como gavião-real ou uiraçu-verdadeiro, nasceu no dia 15 de janeiro com aproximadamente 100 gramas, e o segundo, no dia 20 de janeiro, com 62 gramas.

O Refúgio Biológico Bela Vista foi criado para receber plantas e animais desalojados durante a formação do reservatório da usina hidrelétrica. Natural de áreas florestais como a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica, os maiores remanescentes de harpias – que pertencem à família Accipitridae e ocorrem desde a América central até o sul da Argentina – encontram-se na Amazônia.

Segundo Wanderlei de Moraes, veterinário do Refúgio Biológico e um dos coordenadores do trabalho, trata-se dos primeiros filhotes da espécie reproduzidos com sucesso, nos últimos anos, em cativeiro na região Sul do país.

“Contando com o nosso casal da ave, a estimativa é que existam apenas oito harpias nos zoológicos da região Sul do Brasil. No Paraná, a harpia é considerada ‘criticamente ameaçada de extinção’ e, no Rio Grande do Sul, como ‘provavelmente extinta’”, disse à Agência Fapesp, baseando-se nos dados do Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná do Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

O macho do casal está no refúgio desde 2000, após ser resgatado em uma caixa de papelão em uma rodovia de Foz do Iguaçu. A fêmea chegou em 2002 de Juazeiro, na Bahia, resultado de operações contra o tráfico de animais silvestres.

Em 2007 e 2008, o mesmo casal de harpias teve três crias, mas nenhuma sobreviveu: a mãe não deu comida e eles não resistiram. A solução, desta vez, foi separar os filhotes da mãe e mantê-los isolados por 30 dias em estufas, onde se alimentaram cinco vezes ao dia.

“Essas três primeiras experiências mostraram que o casal não tinha experiência suficiente para chocar e criar os filhotes sozinhos. Por isso, optamos pela criação artificial das aves recém-nascidas em uma estufa com temperatura e alimentação controladas”, disse Moraes. Segundo ele, o processo segue um protocolo conhecido como Condor, criado por pesquisadores argentinos do Zoológico de Buenos Aires.

Aos cerca de cinco anos de idade, ao atingir a maturidade sexual, os dois filhotes deverão voltar ao contato com os pais. Para Moraes, esse é só o começo do trabalho de recuperação da espécie no Paraná.

“Ainda estamos engatinhando no processo de reintrodução da harpia na natureza, o que deve demorar décadas até chegarmos a um número satisfatório de exemplares que possam ser soltos na floresta. O correto é soltar uma população inteira de cativeiro, chamada de geneticamente viável, e não apenas alguns indivíduos”, explicou.

Sem contato com humanos

“O nascimento desses dois filhotes mostra que as técnicas utilizadas com base no Protocolo Condor estão funcionando. A ideia, agora, é aprimorar no Brasil esse protocolo de criação até a sistematização em nossas criações. Uma nova postura [ninhada] deverá ocorrer com o mesmo casal no fim de março e os dois filhotinhos que acabaram de nascer poderão se reproduzir daqui a pelo menos quatro anos”, disse.

De acordo com o Protocolo Condor, para não atrapalhar o processo de reprodução, as intervenções humanas ocorrem apenas nos exames clínicos e durante a limpeza no criadouro. Como o contato excessivo com o animal pode fazer com que ele identifique a pessoa como um possível parceiro sexual e, por conta disso, não vir a se reproduzir, a maior parte das interações ocorre por meio de fotos e sons dos pais dos filhotes.

“Essa é uma espécie extremamente difícil de ser reproduzida em cativeiro. Ela não pode ser muito incomodada. Para copular, o casal deve ser mantido totalmente isolado do contato humano, em criadouros especiais revestidos por tapumes, panos e com comida oferecida por meio de tubos de PVC, para que os animais não vejam nem as pessoas que dão o alimento”, disse Moraes.

Segundo ele, além da família de harpias do Refúgio Biológico, os outros lugares que abrigam a espécie no Paraná são o Parque das Aves, também em Foz do Iguaçu, e o zoológico de Curitiba.

“Sabemos também da existência de poucos indivíduos na Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, além de haver um criador bem conhecido em Belo Horizonte. Recentemente houve ainda alguns nascimentos em criadouros em São Paulo, após os ovos terem sido chocados artificialmente. Mas a situação da ave é extremamente crítica no Brasil”, disse.

(Por Thiago Romero, Agência Fapesp, 26/10/2009)


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