Sarandi (RS) - O Movimento Sem Terra (MST) irá intensificar a luta pela reforma agrária em 2009. Em entrevista coletiva na sexta-feira (23) durante o encontro nacional em Sarandi, no Norte gaúcho, o MST fez um balanço de seus 25 anos e divulgou o planejamento para o próximo período. As manifestações e protestos para pressionar pela reforma agrária devem ser mais constantes. Os sem terra também irão manter a postura de combate ao latifúndio, ao agronegócio e à expansão das transnacionais.
A coordenadora nacional do MST, Marina dos Santos, avaliou que somente com pressão os sem terra conseguiram avançar na reforma agrária. Em 25 anos, os sem terra contabilizam cerca de 370 mil famílias assentadas em mais de 7 mi de hectares de terra. No entanto, o Brasil ainda é o segundo país que mais concentra a terra no mundo. Um por cento dos proprietários brasileiros detêm mais de 46% das terras agricultáveis.
"Vamos continuar combatendo o latifúndio, o agronegócio e as empresas. Em 2009, vamos massificar a luta pela reforma agrária. Esta é uma das decisões fruto do debate desses 25 anos", afirmou.
Marina também ressaltou que o MST irá se manter autônomo em relação aos partidos políticos e criticou a reforma agrária promovida pelo governo Lula. Para ela, as ações governamentais funcionam como políticas compensatórias, já que não alteram a estrutura fundiária do país e nem descentralizam a terra. Entre as conquistas da organização, a coordenadora destacou a erradicação do analfabetismo em diversas áreas rurais em que o MST atua e a reprodução das sementes crioulas.
No Rio Grande do Sul, os sem terra irão seguir com protestos contra as transnacionais, principalmente de celulose, e pela desapropriação de áreas que não cumprem sua função social, como a Fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul. Como destaque de 2008, o coordenador Cedenir de Oliveira destacou a desapropriação de parte da Fazenda Southall, em São Gabriel, na Fronteira Oeste gaúcha.
"Somente no município de São Gabriel em que hoje vamos assentar 1,2 mil famílias que serão para a vida inteira, existem mais de 500 desempregados. Então é evidente que as terras que seriam destinadas para a produção de eucalipto, nós queremos para a reforma agrária. Principalmente as terras da Stora Enso que estão ilegalmente na Faixa de Fronteira", afirmou.
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 24/01/2009)