Alguns veículos de imprensa veicularam informações sobre o estudo sugerindo que haveria boicote à soja brasileira.
Estudo do WWF-França sobre a relação do consumo de produtos agrícolas e alimentares, e o impacto ecológico, divulgado recentemente, analisa a cadeia alimentar dos animais produzidos naquele país e identifica o fornecimento de soja brasileira. A partir de diferentes estudos e levantamentos, o documento do WWF-França pede uma política agrícola européia ambientalmente correta, sugerindo, entre outras coisas, que se considere a exigência de que a soja e o óleo de palma sejam produzidos de forma sustentável a partir de 2015, além de destacar às autoridades e produtores a necessidade de que se preste informações sobre a procedência dos produtos e sugere à população que haja redução no consumo de carne e outros produtos de origem animal, ou que seja dada preferência por animais alimentados em pasto.
Entre outros problemas ambientais, há a constatação da existência de relações entre a produção de óleo de palma e da soja, principalmente em países tropicais, com o desmatamento. Para o WWF-Brasil, as causas do desmatamento da Amazônia são complexas, com várias condições e causas. Entendemos que não há um produto, como por exemplo a soja neste caso, que seja em si mesmo e unicamente a causa do desmatamento, mas que nesse processo há elementos como a situação de não clareza fundiária, associada à grilagem e ao mercado ilegal de terras, a produção agropecuária, como uma parte importante da pecuária de corte e uma parte menor da própria soja, que são produzidas de forma ilegal ou irregular do ponto de vista ambiental, fundiário ou social.
Consideramos também que as políticas governamentais ou privadas ligadas ao transporte, sobretudo estradas, e à implementação de pólos de atração, como usinas hidroelétricas, minas, assentamentos e outros, quando não devidamente implantados com os adequados mecanismos para evitar ou minimizar impactos ambientais negativos, também são problemáticos. Atento ao tema, o WWF-Brasil promove estudos e acompanha as discussões sobre o desmatamento e suas causas, sobre a produção de soja, de gado, de madeira e sobre a implementação de infra-estruturas no país, entre outros aspectos, assim como colabora nas soluções, como por meio da promoção de criação e consolidação de unidades de conservação, além da promoção do manejo florestal sustentável de menor impacto.
O WWF-Brasil também procura essas soluções participando junto com o setor privado, em diálogos para promoção da soja sustentável, como a Mesa Redonda da Soja Sustentável (RTSS) e Moratória da Soja. O WWF-Brasil não concorda que toda a soja brasileira seja proveniente de área de desmatamento ilegal. A instituição defende que a restrição do consumo de produtos que sejam produzidos de forma irregular ou ilegal e que o incentivo à produção sustentável - com critérios ambientais, sociais e econômicos - são fundamentais no caminho do desenvolvimento que harmonize a atividade humana com a conservação da natureza, ou seja, o desenvolvimento sustentável.
Maior rede independente de conservação da natureza
O WWF-Brasil é uma organização não-governamental brasileira dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. O WWF-Brasil, criado em 1996 e sediado em Brasília, desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, a maior rede independente de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.
(WWF-Brasil, 24/01/2009)