A temperatura na Antarctica está aumentando. Essa é a conclusão de cientistas que analisam as temperaturas do continente há meio século e essas descobertas podem ajudar a resolver o enigma climático na parte inferior do planeta. Algumas regiões da Antarctica, principalmente a península próxima à América do Sul, aqueceu rapidamente nos últimos anos, contribuindo para a desintegração dos icebergs e acelerando o descongelamento das geleiras.
Mas estações de clima em outros locais, incluindo uma no Polo Sul, registraram uma tendência de esfriamento. Isso vai contra as previsões dos computadores de padrões climáticos e as questões do aquecimento global apontaram para a Antarctica, questionando a realidade dos padrões. No novo estudo, os cientistas levaram em conta medidas de satélite para alterar as temperaturas na vasta área entre as poucas estações climáticas.
“Atualmente, vemos que o aquecimento está ocorrendo em todos os setes continentes da Terra de acordo com os padrões previstos em resposta aos gases do efeito estufa”, disse Eric J. Steig, professor de ciências da Terra e do espaço na Universidade de Washington em Seattle, que é o autor líder de um artigo publicado nesta quinta-feira no diário “Nature”.
Porque os registros climáticos ainda são poucos, é preciso mais trabalho para determinar os resultados do aquecimento devido o equilíbrio climático natural e do aquecimento devido os efeitos da liberação do dióxido de carbono (CO²) resultantes das queimadas de combustíveis fósseis, disse Steig. Mas Drew T. Shindell do Instituto Goddard de Estudos do Espaço da NASA em Nova York, que é autor de outro artigo, disse que “Fisicamente, é extremamente difícil pensar que o aumento dos gases estufa não levaria ao aquecimento do continente da Antarctica”.
Steig e Shindell apresentaram as descobertas em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 21. Eles descobriram que de 1957 até 2006, as temperaturas na Antarctica aumentaram em uma margem de 0,2 graus Fahrenheit por década, em comparação com o aquecimento que houve globalmente.Na parte ocidental da Antarctica, onde a base de algumas geleiras fica abaixo do nível do mar, o aquecimento foi mais evidente, de 0,3 graus Fahrenheit, embora as temperaturas nessa área ainda sejam baixas e o aquecimento não tenha afetado de imediato o nível do mar.
Na parte oriental da Antarctica, onde a temperatura parecia estar caindo, os pesquisadores descobriram um leve aquecimento em um período de 50 anos. Com as incertezas, a região leste da Antarctica pode, de fato, ter ficado mais fria, mas o aumento da temperatura no oeste mais do que contraria esse fator. A temperatura média da Antarctica é cerca de menos 50 graus. “Há evidências bem convincentes nesse trabalho sobre o aquecimento no oeste da Antarctica”, disse Andrew Monaghan, cientista do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica em Boulder, no Colorado, que não está envolvido na pesquisa.
Como nos estudos anteriores, os cientistas descobriram que, recentemente, desde os anos 70, as temperaturas, na verdade, baixou no leste da Antártica, um fenômeno que muitos cientistas da atmosfera atribuem às emissões de clorofluorcarboneto (CFC), uma família de materiais químicos usados como meio de resfriamento que destroem a camada de ozônio. O fato de esses químicos terem sido gradualmente anulados, espera-se que o buraco na camada se feche e que a tendência de resfriamento se inverta.
A região leste da Antárctica, que inclui o Polo Sul, tem uma elevação muito maior que se estende até o extremo norte do que na região oeste. Enquanto cientistas diziam que o buraco da cama provavelmente teria uma influência significante nas temperaturas do continente, outros fatores, incluindo as geleiras no mar e os gases estufas, devem ter um papel muito maior. “Obviamente, a situação é complexa, resultando de uma combinação dos fatores humanos e da variabilidade natural”, disse Michael Oppenheimer, professor de geociência em Princeton, que não fez parte do estudo. “Mas a idéia de um resfriamento em longo prazo é claramente uma revelação”.
Monaghan, que não detectou rapidamente o aquecimento do oeste da Antarctica em um estudo anterior, disse que um novo estudo o estimulou a ter novas visões sobre o nosso – Por isso voltei e inclui registros adicionais”. A nova análise, que usou algumas técnicas e hipóteses diferentes, ainda não foi divulgada, mas ele apresentou essas descobertas aprimoradas no mês passado, em um encontro da União Geofísica Americana. “Os resultados que obtive são bem similares com os dele”, disse Monaghan.
(Por KENNETH CHANG, The New York Times, UOL, 22/01/2009)