A crise financeira mundial atinge também os trabalhadores que sobrevivem com a coleta de materiais recicláveis no país. O preço recebido com a venda dos materiais caiu até 65% nos últimos meses, segundo o representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) em Porto Alegre, Cassius de Oliveira. O problema, apontou ele, deve-se diretamente ao pouco interesse de compra dos recicláveis pelas indústrias e à queda do valor pago pelo quilo de ferro, alumínio, papelão e plástico, os principais itens comercializados.
Os centros de triagem de reciclagem em Porto Alegre sentiram o reflexo da crise. 'O valor pago pelo plástico e por papéis teve redução entre 40% e 50%. Nos metais – alumínio e ferro –, a queda foi maior, chegando a 65% do preço pago no ano passado. A perda total é enorme', ressaltou Oliveira. Ele disse que, como as indústrias reduziram a produção, a procura pelo material, principalmente o ferro, tornou-se baixa. 'A maioria das empresas está com o estoque lotado, por isso o preço fica reduzido ou o pagamento é parcelado.' Em média, recicladores que ganhavam R$ 500,00/mês recebem agora, no máximo, R$ 250,00.
Oliveira apontou que os catadores não vinculados aos centros de triagem têm perdas ainda maiores. 'Há pessoas trabalhando o dobro do tempo para conseguir ter uma renda mínima', comentou. Além disso, a previsão não é otimista para os próximos meses se a crise permanecer.
O representante do MNCR citou que está em negociação com os governos a possibilidade de pagamento pelo serviço realizado. 'Recebemos apenas pela quantidade de lixo reciclável vendido. Não temos um mínimo ganho com o trabalho.' Segundo Oliveira, essa alternativa traria mais segurança e padronização ao serviço realizado pelos catadores.
(CP, 23/01/2009)