De 27 de janeiro a 1º de fevereiro, quase 3 mil indígenas de todo o mundo devem estar em Belém, Pará, para participar da nona edição do Fórum Social Mundial (FSM). Os indígenas esperam, a partir do evento, firmar uma agenda comum de lutas intercontinental para enfrentar a crise ambiental e intensificar a articulação e mobilização internacional dos povos indígenas.
Segundo a Comissão Indígena do FSM, a presença indígena neste Fórum será a maior de todas as edições, o que mostra o avanço da articulação dos povos. Estarão em Belém pelo menos 1.500 indígenas de dezenas de povos do Brasil e mais de 500 indígenas de povos da América Latina e de outros continentes. Para comparação, em 2005, no último FSM realizado no Brasil, em Porto Alegre, participaram aproximadamente 500 indígenas, quase todos brasileiros.
As atividades dos povos indígenas se concentrarão na Universidade Federal Rural do Pará (UFRA), na Tenda dos Povos Indígenas, mas também estão previstos debates com a participação indígena em outros espaços, como as tendas dos Povos da Floresta, dos Direitos Humanos e da Cartografia Social. Questões como a produção de alimentos e as políticas agrícolas também serão discutidas, em articulação com a Via Campesina.
Na Tenda dos Povos Indígenas, ocorrerão painéis, assembléias, atividades culturais, lançamento de campanhas, etc. No dia 27, as atividades começam com a Assembléia de Organizações e Povos Indígenas. A Coordenação Andina de Organizações Indígenas (CAOI) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), da qual participa a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), são as principais articuladoras dos indígenas no FSM. Essas e outras organizações indígenas do mundo inteiro têm expectativa de contribuir com a construção de um novo paradigma mundial, a partir dos valores e experiências indígenas, especialmente na América Latina.
Segundo Roberto Spinoza, da COICA, que integra a Comissão Indígena do FSM, o objetivo é sair com uma agenda para de lutas 2009. “Já estamos prevendo um momento forte de mobilização indígena para o dia 12 de outubro. Também já estaremos trabalhando na realização do Fórum Social Temático para 2010, que tem como grande eixo Crise Civilizatória, Descolonização, Cataclisma Ambiental e os Direitos Coletivos.”, afirmou.
Índios chegam por terra, rio e ar
Muitos indígenas que participarão do FSM já estão a caminho de Belém. Um barco com 150 indígenas do Amazonas e de Roraima partiu ontem, 21, de Manaus para o FSM. Enquanto navegam pelo maior rio do planeta, os indígenas debatem temas como a garantia dos territórios indígenas, os impactos dos grandes projetos na Amazônia e a preservação ambiental no contexto das mudanças climáticas.
No dia 20 de janeiro, um ônibus partiu do Rio Grande do Sul rumo a Belém. Cerca de 50 Guarani (dos estados do sul e do Mato Grosso do Sul) compõem a delegação, que, no caminho para o FSM, irá parar na terra dos Apinajé, em Tocantins, para intercâmbio cultural e articulações entre os povos.
(Cimi, 22/01/2009)