A artista plástica Sônia Rosa, de 54 anos, costumava caminhar toda a orla da praia Central à praia da lagoa, em Barra Velha, no Litoral Norte, durante os veraneios. Fazia isso desde que a mãe, hoje com 70 anos, tem casa no lugar. Nos últimos anos, porém, foi forçada a encurtar o percurso. Casas construídas praticamente em cima da areia, na praia da lagoa, hoje impedem a caminhada.
O problema é antigo. As casas foram construídas na década de 1970. Com o tempo, o assoreamento da praia fez o mar bater nos muros. Ressacas os destruíram. Novos muros, reforçados com pedra, foram erguidos – e invadiram mais uma parte da areia. Hoje, a faixa de areia desaparece com a maré alta.
A funcionária pública de Curitiba Ilda Carvalho, 53, também reclama, apesar de ainda caminhar no local. Veraneia há 30 anos no balneário. “Anos atrás, não era assim. Hoje, sobra pouco espaço mesmo. Para quem quer caminhar tranquilo, não encontra mais esse espaço”, diz. Os banhistas se afastam, preferem a praia Central.
“AN” tentou encontrar moradores das casas, mas pelo menos seis delas, em situação mais crítica, estavam alugadas a turistas ou fechadas. No cadastro da Prefeitura, informações de donos de Curitiba, mas sem telefone. Vizinhos dizem que as casas passam a maior parte do ano fechadas. Uma delas está com o muro destruído. Um pedreiro que trabalhava numa das casas, fechada, diz que faz o que os donos mandam. “Só uns consertos. A água bate aqui em cima (aponta a altura). Com a chuva de novembro, sempre tem serviço para fazer”, diz, sem se identificar.
(A Notícia, 22/01/2009)