O sério trabalho desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa da Mata Atlântica (Ipema), no Estado, em busca do manejo e da conservação do Muriqui, não só aumentou a possibilidade de vida da espécie como vem atraindo olhares de todas as partes. Desta vez, foi um fotógrafo de São Paulo que veio ao Estado para fotografá-los.
Com o apoio do instituto, o fotógrafo Palê Zuppani fotografou por vários dias, entre vales, montanhas e trilhas do Corredor Ecológico Centro-Norte Serrano, em Santa Maria de Jetibá, uma das espécies primatas mais ameaçadas de extinção no País.
Segundo as informações do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), que também acompanhou o fotógrafo, foi feita a localização dos grupos, já que os macacos estavam justamente em uma das áreas mais prósperas em agricultura no Estado, onde existiria um grande impacto sobre a fauna.
A expectativa dos ambientalistas é que isso seja resultado de projetos como o Corredor Ecológico, que em 2008 iniciou o plantio de 150 hectares de mata atlântica nos corredores do Estado. Com o projeto, aumentou a conexão entre as matas, o que contribui para a preservação da espécie.
O muriqui encontrado no Estado é batizado como muriqui-do-norte, sendo conhecido também como mono carvoeiro. Alimenta-se de folhas e frutos, têm hábitos diurnos e chegam a alcançar até ummetro de altura, sem contar com a calda, considerada muito longa.
Desde 2002, esta espécie vem sendo acompanhada em Santa Maria de Jetibá, onde já se mostrou resistente por sobreviver em uma área consideravelmente pequena para permitir sua permanência.
A região do Caparão também é uma das últimas do Espírito Santo que tem cobertura florestal suficiente que permite a sobrevivência dos muriquis. Estima-se que estas duas regiões abriguem mais de 90% da população de muriquis no Espírito Santo. No Brasil, a estimativa mínima é de que existam 600 espécies de muriquis do norte ainda preservados nas manchas de floresta atlântica existentes no País.
No mundo, 29% das 394 espécies conhecidas de primatas estão sob o risco de extinção. As principais ameaças aos macacos são a destruição das florestas tropicais, especialmente na Ásia - em parte para a produção de biodiesel, como no caso na Indonésia e da Malásia -, o comércio ilegal de animais silvestres e a carne de caça, especialmente na África.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 22/01/2009)