Em maior contato com as matas e com o mosquito transmissor da febre amarela silvestre, a população indígena gaúcha ainda não foi totalmente imunizada contra a doença.
Por serem nômades ou seminômades, a vacina é rotina para os indígenas em todo o Brasil, a partir dos nove meses de idade. Eles circulam por outros Estados e até por países vizinhos, que podem ser área de risco. Em razão disso, 86% dos 19,6 mil caingangues e guaranis do Rio Grande do Sul já estão imunizados, conforme o coordenador regional substituto da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no Estado, Luiz Carlos Machado Moreira. A morte de bugios e a confirmação de que a doença já levou a óbito duas pessoas intensificaram a busca pelos 14% não-protegidos.
– A gente faz a busca ativa para localizar aqueles que não estão vacinados. Alguns não foram imunizados porque acabaram se deslocando para outras áreas – explica Moreira.
Os efeitos da vacina duram 10 anos. Na população indígena, como na da cidade, há resistência à dose, como ocorreu na Reserva do Guarita. Quando isso ocorre, os profissionais da saúde precisam conscientizar a comunidade para os riscos da febre amarela.
Sete municípios da área de risco têm reservas indígenas
Uma das preocupações do órgão é com acampamentos. Um dos mais recentes foi formado em Santa Maria, incluída na área de risco. O grupo de 71 guaranis se instalou no município para vender artesanato. Nesses casos, o órgão faz parceria com as secretarias de Saúde municipais para verificar se os acampados estão protegidos.
Em sete cidades da área de risco, há reservas indígenas. Uma delas é São Miguel das Missões. Na reserva de Inhacapetum, o fluxo de guaranis é intenso. Eles viajam principalmente para a Argentina. De acordo com a enfermeira responsável pela equipe multidisciplinar no município, Luciana Hanus, os profissionais estão atentos para a chegada de novas família à aldeia. Muitos são vacinados na Argentina, que também adota a prática.
(Silvana Castro, ZH, 22/01/2009)