A Votorantim Celulose e Papel (VCP) confirmou nesta terça-feira (20) a compra de 28,03% do capital votante da Aracruz Celulose. A operação totalizou R$ 2,71 bi e ainda pode ser maior, já que a Votorantim estuda adquirir mais ações.
Somente o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai desembolsar até R$ 2,4 bi para viabilizar a operação das papeleiras. O integrante do Centro de Estudos Ambientais (CEA) da cidade de Rio Grande (RS), Luis Rampazzo, lamenta que mais uma vez dinheiro público será usado para ajudar grandes empresas e sem a garantia de empregos. Argumentando perdas com a crise, a Votorantim já demitiu cerca de 200 trabalhadores de suas lavouras de eucalipto no Sul gaúcho e terceirizadas da Aracruz, mais de 700 empregados na região metropolitana.
"Com metade desse dinheiro todo que os governos estão despejando em grandes empresas e no sistema bancário, já começaríamos a resolver os problemas climáticos do Planeta. Tanto dinheiro esse, que é público, que está sendo usado para fins privados", diz.
A compra da Aracruz pela Votorantim ameniza as perdas que as duas empresas tiveram com operações especulativas e a queda nas exportações. Para viabilizar a venda, a Aracruz financiou em até nove anos sua dívida de US$ 2,13 bilhões com bancos estrangeiros.
Rampazzo prevê que a formação da megaempresa traz benefícios somente ao setor, que agora terá mais força política para expandir as monoculturas de pínus e eucalipto no estado, aumentando os impactos ambientais.
"Teremos megacorporações que irão criar mais dificuldades politicamente porque terão uma condição financeira de pressionar governos e, de uma forma bastante incisiva, modificar políticas. Como já temos visto nos últimos tempos no RS com relação à monocultura de árvores exóticas", argumenta.
O acordo das duas papeleiras também prevê a retomada da expansão da fábrica de celulose da Aracruz na cidade de Guaíba.
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 21/01/2009)