A morte de uma adolescente de 14 anos com sintomas semelhantes ao da febre amarela deixou a população de Candelária em estado de alerta. Desde o começo da semana o movimento na Secretaria de Saúde e posto de vacinação do município vem aumentando. Por dia em média 50 pessoas vão até esses locais em busca da vacina e de informações.
Embora os resultados dos exames feitos na vítima ainda não tenham sido divulgados, o assunto tomou conta da cidade. Nas ruas os moradores estão apreensivos. No início da semana o vice-prefeito Rui Beise disse em uma emissora de rádio que havia 50 frascos de vacina disponíveis. Em pouco mais de meia hora dezenas de pessoas foram em busca do medicamento. "Está uma loucura. Há muitas dúvidas", contou.
O secretário da Saúde, Aristides Feistler, também pede cautela aos candelarienses. A jovem vivia na região de Costa do Rio, distante cerca de 30 quilômetros do Centro da cidade, e não havia tido contato com áreas de risco. "Nunca houve essa doença aqui", salienta. Ela foi internada com suspeita de leptospirose.
Entretanto, na região onde a vítima morava com os pais a presença de bugios – que são hospedeiros da doença – é comum. Preocupada, a família recorreu à secretaria para pedir vacinas. "Não estamos em área de risco. Só existe uma suspeita que gerou esse pânico, mas vamos ficar em alerta", afirmou. Mesmo assim os agentes de saúde foram orientados a ficar atentos a possíveis suspeitas. Na cidade não são aplicadas vacinas.
Pânico nas ruasEnquanto não sabem se houve ou não contágio os moradores já começam a se prevenir. A estudante Juliana Gewehr, 24 anos, é uma das que redobrou os cuidados em casa. “Procuro evitar os mosquitos porque não temos certeza se eles podem ou não estar passando a doença”, disse.
Na tarde de ontem, enquanto brincava com a sobrinha Ana Clara, na praça central do município, ela conversava sobre a suspeita com a empregada doméstica Tânia Maia, 43. As duas nem se conheciam, mas começaram a falar do caso que está tirando o sono da comunidade.
"Gente, fiquei impressionada quando vi que pode ser febre amarela. Ainda não sei se é, mas já dá medo", disse Tânia. Ela vai esperar que cheguem vacinas na cidade para imunizar toda a família. "Para outras doenças eu estou protegida, mas quero me cuidar dessa também", afirmou.
Os moradores do interior de Candelária também esperam uma resposta. Vivendo na região de Pinheiro, a dez quilômetros da área central, o agricultor Arno Grohe, 53, ficou apreensivo. "Tem muito macaco e bugios lá onde moro. Então já fico pensando que pode acontecer alguma coisa."
Hoje ele deve ir até a Secretaria da Saúde para saber se haverá alguma ação mais eficaz. Sua filha, Gabriela, também está assustada. "Sempre deixa uma dúvida, porque se está acontecendo em outras regiões e tem a suspeita por aqui, dá para desconfiar", completou.
(Por Dejair Machado,
Gazeta do Sul, 21/01/2009)