As vacinas chegaram, mas não foram suficientes para suprir a demanda de Santa Cruz do Sul. Antes de começarem as aplicações, dezenas de pessoas procuravam um lugar na fila no Centro Materno Infantil (Cemai) para garantir uma das 300 injeções contra a febre amarela que haviam chegado à cidade no fim da tarde de segunda-feira. Por volta das 9 horas as aplicações começaram e, em apenas cinco horas, tiveram início as negativas para quem procurou imunização.
Houve discussões, distribuição de senhas, cerca de duas horas de espera e muita gente frustrada. O quantitativo não foi suficiente para atender a demanda de pessoas que diziam estar a caminho das zonas de risco. Muitos não iriam viajar, mas queriam garantir a proteção da saúde, especialmente das crianças.
Mas segundo o diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Francisco Paz, na região não existem evidências da necessidade de vacinação por risco da doença. Por isso, a proteção deve ser procurada somente por quem vai mesmo viajar para áreas de risco.
"A dose é até contraindicada para quem não vai ter um possível contato com o vírus", destaca. A recomendação está relacionada aos possíveis efeitos colaterais. "Pode provocar reações e até casos mais sérios. Não se deve vacinar se não há indicação", salienta.
Santa Cruz do Sul e região ainda não são consideradas áreas de risco e podem não chegar a isso. Por esse motivo, a quantidade de vacinas enviadas à cidade não é muito alta. "Existe a decisão de reservar para as áreas necessárias. Santa Cruz já tem recebido um quantitativo maior do que o normal. Mas não para toda a população", argumenta Paz. "Se a região fosse envolvida, certamente teríamos doses para todos."
Ele afirma que não existem chances de o Rio Grande do Sul ser atingido por uma epidemia de febre amarela, já que o bugio, hospedeiro do vírus, não vive em todas as regiões. "No Sul do Estado, por exemplo, não há possibilidade", garante.
A secretária de Saúde de Santa Cruz, Leni Weigelt, afirmou que ontem foram solicitadas novas doses, porém o envio está sendo avaliado pela secretaria estadual. "Nesta quarta-feira não teremos imunização contra a febre amarela. A resposta deve vir até o fim do dia. Quando chegar, vacinaremos."
(Por Caroline Scortegagna,
Gazeta do Sul, 21/01/2009)