Mais de cem famílias que moram há cerca de seis anos em uma área irregular localizada no bairro São Miguel, em São Leopoldo, estão enfrentando dificuldades desde o início do verão. Segundo os moradores, a chuva que caiu forte nos últimos dias alagou o local e, por falta de escoamento, a água não tem por onde sair deixando dezenas de famílias com água e barro até os tornozelos.
Em alguns pontos há casas dentro de grandes poças. Ontem, representantes da Secretaria Municipal de Obras Viárias e Serviços (Semov) estiveram no local e prometeram buscar alternativas para ajudar.
O titular da Semov, Armando Mota, foi até local acompanhado do engenheiro da
secretaria Paulo Roberto Kumer, e constatou que as moradias foram construídas em uma área irregular que fica dentro de um banhado. "Fizemos uma vistoria e percebemos que não há obstrução nas valas, porém há dificuldades no escoamento por se tratar de um banhado", explicou Kumer.
De acordo com Mota, estas pessoas não deveriam ter construido em área irregular, e por este motivo o poder público não pode dispor de investimento. "Mesmo assim vamos nos reunir nos próximos dias e debater sobre o problema junto à Secretaria de Habitação para tentar encontrar alternativas que melhorem a situação."
Enquanto a solução não vem, os moradores garantem estar preocupados com a saúde, já que a água suja atrai animais que podem transmitir doenças. As casas das irmãs Gislaine, 31 anos, Elaine, 39, e Eliane Gonçalves, 41, estão dentro de poças de água.
"Meus dois filhos e meus sobrinhos estão sofrendo de problemas respiratórios por causa do alagamento. Quase todos os dias precisamos correr com eles até um posto de saúde para fazer nebulização", contou Elaine.
Aterro e valas são sugestões dadas pelos moradoresPara Eliane, que é mãe de oito filhos e tem dois netos, um aterro e diversas valas para o escoamento da água resolveriam parte do problema. "Moro aqui há quatro anos e isto nunca aconteceu porque tínhamos uma vala que caia dentro de um banhado, mas desde que começaram a construir um condomínio aqui por perto nossa vala foi desativada e as nossas vidas começaram a ser afetadas", explicou. Já o engenheiro constatou que a obra do condomínio não prejudicou o escoamento.
O aposentado Luiz Olario Hannercker, 52 anos, acredita, assim com Eliane, que a abertura de valos em toda a área verde até o Rio dos Sinos ajudaria e esta alternativa já foi solicitada à Prefeitura. "Muitas vezes pedimos o auxílio de órgãos da Prefeitura, mas até agora ninguém apareceu para nos ajudar", contou.
Segundo Hannercker, mesmo em dias de sol a água, que já atinge cerca de 30 centímetros, não baixa. "Nossas crianças estão adoecendo e precisamos de ajuda até sairmos daqui, mas a maioria não tem condições e acaba tendo que enfrentar a precariedade do lugar."
(
Jornal VS, 21/01/2009)