Produtos recém colhidos da horta e sem agrotóxicos. Estes são alguns dos argumentos dos frequentadores da Feira do Produtor de Novo Hamburgo para substituírem alimentos industrializados na mesa de casa. Entre um público que vem crescendo cada vez mais, como afirma o coordenador da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Lomba Grande, Carlos Roberto Dávila Rocha, os consumidores de produtos orgânicos movimentam as feiras do Município.
O discurso da maioria parece ensaiado: boa procedência e qualidade são essenciais para verduras, legumes e produtos vindos da terra. Ontem, na Rua Lima e Silva, Centro da cidade, o movimento era intenso, tanto que os corredores formados pelas tendas estavam cheios de consumidores com sacolas nas mãos.
Um deles, o vendedor Flávio Lambert, 52 anos, fez um verdadeiro rancho, juntamente com os dois filhos, cada um com dois sacos em cada mão. "Somos clientes assíduos e temos como hábito buscar produtos com procedência verídica", destacou.
A também comerciante aposentada Yelda Bender, 77, aproveitou a feira para levar alguns legumes. "Aqui é tudo melhor e tudo fresquinho" disse, enquanto olhava a tenda da produtora Marisete Moehlicki, 22. O agricultor Sérgio Wilhelm, 52, salienta que não há como comparar os seus produtos. "Classifico todos eles como de primeira qualidade." A clientela é fixa e vai aumentando frequentemente.
Cresce consumo, também aumenta a produçãoSegundo o coordenador da Emater de Novo Hamburgo, Carlos Roberto Dávila Rocha, os artigos orgânicos estão ganhando cada vez mais admiradores. "Tanto produtores quanto consumidores sentem a necessidade de frutas e legumes mais limpas e sem contaminação", declara Rocha.
Para isso, segundo ele, é necessário um período de transição. "Assim os cultivadores precisam aos poucos ir largando o uso de produtos químicos." Em seguida, ocorre uma diversificação dos itens trabalhados. Os produtores de Novo Hamburgo também abastecem feiras em São Leopoldo e Canoas.
Por mais que os produtos orgânicos sejam considerados mais saudáveis, são
necessários alguns cuidados com os alimentos. Segundo a nutricionista e professora do curso de Nutrição da Feevale, Sônia Lizette Linden, mesmo comprando em feiras, é importante conhecer a procedência das frutas, verduras e legumes.
"Nem sempre as feiras são orgânicas." Mesmo assim, ela reforça a qualidade desses alimentos. "Os orgânicos têm mais aporte de vitaminas e sais minerais, pois partem de uma defesa natural contra as pragas. Do ponto de vista nutricional, eles ganham muito."
As tendas da Feira do Produtor de Novo Hamburgo possuem saias de duas cores. As forradas com saias verdes vendem produtos sem agrotóxico. Já as com saias roxas vendem produtos comerciais, que podem ser cultivados com agrotóxicos.
Segundo o novo diretor de Desenvolvimento Rural de Novo Hamburgo, Carlos Gutbier, o Município possui mais de 70 famílias que cultivam produtos sem agrotóxico. Para isso, eles contam com a parceria da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e da própria Prefeitura.
Gutbier descreve que as residências são frequentemente visitadas para a solução de eventuais problemas e recebem a assistência técnica de dois agrônomos. Há também o fornecimento de máquinas agrícolas com preço reduzidos para serviços necessários.
"Estamos buscando técnicas e implementos diferenciados. Os produtos cultivados em Novo Hamburgo possuem qualidade superior e chegam ao consumidor sem tanto deslocamento. São mais frescos", destaca Gutbier.
Segundo o coordenador da Emater, Carlos Roberto Dávila Rocha, dos produtores hamburguenses, aproximadamente 70% utilizam o cultivo orgânico.
(Por Robson Nunes,
Jornal NH, 21/01/2009)