Justamente por passar de geração para geração, o quilombo da família Rosa está recebendo atenção especial. Foi no bairro Marechal Rondon que há quase sete décadas a família Jesus se instalou para cultivar hortaliças, galinhas e porcos.
Com o trabalho, Rosalina alimentava os filhos, o marido e ainda ajudava no sustento da família. Flores também eram mais que um hobby, pois auxiliava na renda do final do mês. As lindas rosas de dona Rosalina também colaboraram para o nome do quilombo.
Antônio de Jesus, 63, continua com parte do trabalho da mãe. A plantação de alface, couve, radici, salsa, cebolinha, entre outros, alimenta a família e serve como fonte de renda para ele. "Lembro deles muito bem. Meu pai trabalhava para o Estado como maquinário e minha mãe em casa. Às vezes fico pensando e as lembranças vem", conta.
Antoninho, como é conhecido pela família, com 10 anos de idade, levava as flores da mãe para vender em Porto Alegre próximo aos cemitérios. A irmã dele, Maria do Carmo de Jesus, 77, conta que o avô era escravo.
"Lembro que ele foi para a guerra, tinha até espada", diz. Mas a lição que nunca esqueceu foi repassada pela mãe. "Ela sempre disse: cultive a terra, dê valor, respeite e ame. E não pense em maldades para os outros", ressalta.
TitulaçãoDesde 2008, a terra de 22 metros quadrados onde Maria mora com filhos, netos e bisnetos está em processo administrativo no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Como não há proprietário, o processo de titulação é mais rápido, pois não é preciso pagar indenização.
O fato de a terra ter permanecido para a família pode torná-la conhecida como a primeira comunidade quilombola titular da área de seus antepassados no Brasil. O pioneirismo está sendo adequado à agenda do presidente Lula.
"Ele pretende conhecer a família. É um primeiro passo que traz um reconhecimento enorme", enfatiza a coordenadora de Políticas de Igualdade Racial do Município, Maria Aparecida Mendes.
(Por Viviane Schimitt,
Diário de Canoas, 21/01/2009)