Coletar e tratar o esgoto dos gaúchos é a principal meta do governo estadual no setor de saneamento para os próximos anos. Com cerca de R$ 600 milhões já garantidos em recursos por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o objetivo é utilizar metade desse valor para elevar o índice de canalização sanitária de 13% - um dos mais baixos do País - para, no mínimo, 30% no Estado.
O número refere-se somente aos 320 municípios atendidos pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Se incluirmos as cidades onde a Corsan não tem concessão, o percentual de domicílios com o serviço baixa para apenas 5%.
Segundo o secretário de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano do Estado, Marco Alba, a urgência em investir na coleta e no tratamento de esgoto foi definida a partir da constatação de indicadores "insignificantes" em uma área fundamental para a saúde pública.
"Todo governo deve ter preocupação com o tratamento de esgoto. Estamos prontos para implantar projetos e melhorar a qualidade de vida dos gaúchos", garante ele, enquanto informa que algumas obras já estão em andamento e outras em processo de licitação.
O secretário anunciou que serão investidos mais de R$ 1,2 bilhão em saneamento até 2010. O montante virá do governo federal, da Corsan e de financiamentos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) e à Caixa Econômica Federal (CEF).
Conforme o presidente da Corsan, Mário Freitas, a verba será aplicada na construção de 1,2 mil quilômetros de rede coletora de esgoto e de novas estações de tratamento, além de utilizada em programas de ampliação do sistema de captação, produção e distribuição de água. "É um conjunto de iniciativas sem precedentes no Rio Grande do Sul. O volume de obras e o número de empregos que nós vamos gerar é muito grande", prevê.
De acordo com o presidente da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs), Newton Quites, o PAC tem reservado cerca de R$ 70 bilhões para programas de expansão do saneamento na região Sul nos próximos anos. Pelos cálculos do engenheiro, o recurso beneficiará mais de quatro milhões de pessoas.
"O dinheiro está aí. É um momento de expansão, mas é fundamental definir de que forma vamos usá-lo e saber que, em razão das constantes mudanças urbanísticas, os projetos precisam ser permanentemente atualizados", alerta.
Outro tema que teve destaque no debate Saneamento e os Novos Rumos no RS, promovido pela Sergs ontem, em Porto Alegre, foi a importância da conservação dos recursos hídricos e da reutilização da água nas cidades.
Segundo o diretor do Centro Internacional de Referência em Reúso da Água (Cirra/CWRW), Ivanildo Hespanhol, o poder público deveria seguir o exemplo de muitas indústrias que reaproveitam os seus afluentes e estimular pesquisas, principalmente em áreas como a agricultura, que representa 70% do consumo de água no Brasil.
"Falta legislação e vontade política. Precisamos promover e criar subsídios para quem utiliza o reúso", sugere.
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Jornal do Comércio, 21/01/2009)