Vista aérea parcial da distribuição de manchas de diesel no PurusRelatório da Secretaria de Meio Ambiente do Acre (Sema) revela que manchas dispersas de óleo diesel no Rio Purus distribuem-se por cerca de 100 quilômetros em linha reta na região da fronteira Brasil-Peru. O acidente, que aconteceu às 11h30 de sexta-feira, 16, resultou no derramamento de 25 mil litros de óleo diesel, nas proximidades do município de Santa Rosa do Purus.
O acidente envolveu uma embarcação tipo batelão, que naufragou entre a aldeia Nazaré e a colônia Santa Helena Nova. Três tripulantes e seis passageiros nada sofreram. O batelão transportava óleo diesel em dois cilindros, que tinham como destino a usina termelétrica de Santa Rosa do Purus, pertencente a Guascor do Brasil.
O secretário de Meio Ambiente do Acre, Eufran Amaral, disse que estão sendo tomadas uma série de ações necessárias tanto do ponto de vista de segurança quanto de controle do vazamentos e aos aspectos ambientais envolvidos.
- Os trabalhos de atendimento a emergências químicas foram divididos em quatro etapas complementares e integradas: acionamento e comunicação; avaliação da situação; medidas de controle e ações de rescaldo - assinalou Amaral.
O barco navegava em um estirão do Purus. Devido a uma causa não identificada, começou a inclinar para o lado direito, fazendo com que o cilindro pequeno, cheio de combustível, movimentasse lateralmente, o que teria forçado o naufrágio.
De acordo com o relatório da Sema, o tanque maior estava na parte anterior do barco e o menor na parte posterior. Foi observado pelos passageiros que os mesmos não estavam devidamente vedados, tendo apenas uma tampa apoiada sobre a boca dos cilindros e também não estavam devidamente imobilizados visto que não possuíam escoras ou calços em suas laterais, de forma a impedir a movimentação lateral. Existem indícios de que a embarcação estivesse com carga acima da capacidade.
Membros da Comissão de Gestão de Risco da Sema sobrevoram ontem toda a extensão do Rio Purus, de Manoel Urbano a Santa Rosa, o que permitiu uma visão da extensão de todo o trecho em baixa altitude.
- De acordo com as informações coletadas, verifica-se que quando o barco naufragou o óleo contido nos cilindros começou a ser dispersado no rio. Levando-se em consideração que foi registrada a presença de manchas de óleo desde próximo da cidade de Manoel Urbano até próximo ao local da onde ocorreu o acidente, ha indícios de que o óleo ficou vazando gradativamente durante um longo período após ocorrido o naufrágio - destaca o relatório.
As manchas de óleo são mais evidentes no início (próximo à cidade de Manoel Urbano) e no final (próximo ao local do acidente) da área contaminada. As manchas dispersas distribuem-se por cerca de 100 quilômetros em linha reta. Segundo a Sema, já foram realizadas as avaliações de estações de captação de água a jusante do vazamento, com respectiva comunicação para medidas de prevenção.
A Gerência de Contingências da Petrobrás informou à Sema que o diesel é muito volátil e cerca de 50% do que foi derramado já deve ter sido evaporado, em função da combinação com as altas temperaturas e sua baixa densidade. Em função de sua baixa densidade, o diesel forma uma película muito fina (0,003 mm) que se dispersa rápido, porém concentra pouco volume, com uma tendência de redução por dissolução e evaporação diária.
De acordo com a Sema, a partir desta avaliação mais consistente foi definida a estratégia de ação envolvendo quatro equipes, para o desenvolvimento dos trabalhos de detalhamento do dano e sua mitigação. Elas vão avaliar os danos e a real extensão da mancha, comunicando as comunidades ribeirinhas. Uma delas tem a missão de avaliar se a mancha já havia ultrapassado os limites de Manuel Urbano e fazer a contenção da mesma a jusante da cidade.
Outra equipe, integrada por agentes de saúde, policiais militares e técnicos da Vigilância Sanitária tratarão de isolar a área de captação de água para evitar que o derramamento de diesel tenha impactos na área urbana.
- As última informações mostram que a mancha não atingiu a área urbana de Manuel Urbano - disse o secretário de Meio Ambiente do Acre.
(Terra Magazine,
Amazonia.org.br, 21/01/2009)